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BASTA! EU QUERO PAZ
Objetivo é evitar que celebração ecumênica na praça da Sé, sexta-feira, vire "palanque eleitoral"
Ato contra violência veta fala de políticos
ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os organizadores do movimento "Basta! Eu quero paz" decidiram vetar discursos de políticos
no ato ecumênico marcado para
sexta-feira na praça da Sé, para
evitar que o protesto se transforme em palanque eleitoral.
"É um ato ecumênico pela vida
e não um ato eleitoral. Devemos
deixar claro. Por isso excluímos a
fala de políticos", disse ontem Luciana Guimarães, uma das diretoras do Instituto Sou da Paz.
Junto com outras 50 entidades,
o instituto organiza o movimento, cujas manifestações ao longo
da semana vão culminar na Sé.
O desarmamento da população,
a reforma da polícia e o incentivo
a projetos sociais que priorizem
os jovens são as principais propostas do "Basta! Eu quero paz".
Guimarães afirma que a organização espera a presença dos políticos, assim como de cidadãos comuns, sindicatos, estudantes,
ONGs, movimentos populares,
mas avisa que não haverá discursos. "Nem vamos montar palco
ou palanque, para não criar uma
idéia errada", disse a diretora do
Instituto Sou da Paz, que não estimou o número de participantes.
A celebração ecumênica começará às 18h. Ao final, será lido o
manifesto do "Basta! Eu quero
paz". As luzes na praça vão ser
apagadas, e todos acenderão velas. A coordenação pede que as
pessoas, em casa, também acendam velas nas janelas às 19h.
Ontem, integrantes do movimento cravaram 53 cruzes, no
parque Ibirapuera, em protesto
pelos 53 homicídios registrados
em São Paulo entre 20h de sexta-feira e 6h de ontem.
Neste ano, já foram registradas
também 41 chacinas. No ano passado, foram 5.705 assassinatos ou
55 mortes por 100 mil habitantes.
Para alertar sobre a violência,
painéis com fotos de vítimas, como o perueiro Maurício Celeste
Arthur, 42, serão levados e expostos durante o ato na Sé.
Arthur, casado, pais de três
crianças (a mais velha tem 13
anos), foi assassinado em uma
briga de trânsito. A foto dele é
uma das imagens do painel do
Jardim Ângela que começou a ser
montado ontem e vai receber
mais fotos até sexta. Hoje, outras
áreas violentas da cidade começam a montar seus painéis.
"Quando morre alguém da classe média, a mídia destaca, é um
estardalhaço. Aqui os assassinatos são constantes, e parece que a
sociedade respira aliviada, como
quem diz: "É só um bandido a menos'", afirmou o padre Jaime, pároco no Jardim Ângela. "Queremos mostrar que as pessoas não
são apenas estatísticas. Elas têm
rosto, família, nome." Dentro da
programação, crianças do bairro
de São Mateus e filhos de presos
do DP local estarão hoje, na delegacia, debatendo com policiais "A
Polícia de que Precisamos".
Rio
O ato da sexta-feira será realizado em pelo menos sete capitais. A
programação no Rio prevê a celebração de um culto ecumênico, às
19h, no largo da Carioca (centro).
A ONG (Organização Não-Governamental) Viva Rio se reunirá
hoje com artistas com o intuito de
mobilizar a classe para o ato.
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