São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Próximo Texto | Índice

BASTA! EU QUERO PAZ
Objetivo é evitar que celebração ecumênica na praça da Sé, sexta-feira, vire "palanque eleitoral"
Ato contra violência veta fala de políticos

ESTANISLAU MARIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os organizadores do movimento "Basta! Eu quero paz" decidiram vetar discursos de políticos no ato ecumênico marcado para sexta-feira na praça da Sé, para evitar que o protesto se transforme em palanque eleitoral.
"É um ato ecumênico pela vida e não um ato eleitoral. Devemos deixar claro. Por isso excluímos a fala de políticos", disse ontem Luciana Guimarães, uma das diretoras do Instituto Sou da Paz.
Junto com outras 50 entidades, o instituto organiza o movimento, cujas manifestações ao longo da semana vão culminar na Sé.
O desarmamento da população, a reforma da polícia e o incentivo a projetos sociais que priorizem os jovens são as principais propostas do "Basta! Eu quero paz".
Guimarães afirma que a organização espera a presença dos políticos, assim como de cidadãos comuns, sindicatos, estudantes, ONGs, movimentos populares, mas avisa que não haverá discursos. "Nem vamos montar palco ou palanque, para não criar uma idéia errada", disse a diretora do Instituto Sou da Paz, que não estimou o número de participantes.
A celebração ecumênica começará às 18h. Ao final, será lido o manifesto do "Basta! Eu quero paz". As luzes na praça vão ser apagadas, e todos acenderão velas. A coordenação pede que as pessoas, em casa, também acendam velas nas janelas às 19h.
Ontem, integrantes do movimento cravaram 53 cruzes, no parque Ibirapuera, em protesto pelos 53 homicídios registrados em São Paulo entre 20h de sexta-feira e 6h de ontem.
Neste ano, já foram registradas também 41 chacinas. No ano passado, foram 5.705 assassinatos ou 55 mortes por 100 mil habitantes.
Para alertar sobre a violência, painéis com fotos de vítimas, como o perueiro Maurício Celeste Arthur, 42, serão levados e expostos durante o ato na Sé.
Arthur, casado, pais de três crianças (a mais velha tem 13 anos), foi assassinado em uma briga de trânsito. A foto dele é uma das imagens do painel do Jardim Ângela que começou a ser montado ontem e vai receber mais fotos até sexta. Hoje, outras áreas violentas da cidade começam a montar seus painéis.
"Quando morre alguém da classe média, a mídia destaca, é um estardalhaço. Aqui os assassinatos são constantes, e parece que a sociedade respira aliviada, como quem diz: "É só um bandido a menos'", afirmou o padre Jaime, pároco no Jardim Ângela. "Queremos mostrar que as pessoas não são apenas estatísticas. Elas têm rosto, família, nome." Dentro da programação, crianças do bairro de São Mateus e filhos de presos do DP local estarão hoje, na delegacia, debatendo com policiais "A Polícia de que Precisamos".

Rio
O ato da sexta-feira será realizado em pelo menos sete capitais. A programação no Rio prevê a celebração de um culto ecumênico, às 19h, no largo da Carioca (centro).
A ONG (Organização Não-Governamental) Viva Rio se reunirá hoje com artistas com o intuito de mobilizar a classe para o ato.



Próximo Texto: Segurança: Garotinho decide afastar 461 policiais
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.