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ADMINISTRAÇÃO
Prefeita determinou estudos para reduzir cobrança pela fiscalização do comércio e pela coleta de lixo
Marta anuncia revisão de taxas em 2004
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita Marta Suplicy anunciou ontem que pretende rever a
cobrança da taxa do lixo e da taxa
de fiscalização do comércio. As
eventuais mudanças ocorreriam
em 2004, ano em que haverá eleições municipais.
"Achei que se pode ter pegado
pesado em algumas áreas, mas
neste ano não podemos modificar
nada", disse a prefeita, referindo-se à taxa do comércio, oficialmente chamada de TFE (Taxa de Fiscalização de Estabelecimentos).
Essa taxa substituiu, a partir deste
ano, a TLIF (Taxa de Fiscalização
de Localização, Instalação e Funcionamento).
Há situações em que a taxa aumentou mais de 1.000%. É o caso
de mercados de até cinco funcionários, que eram taxados em R$
57 por ano e passaram a pagar R$
810. O aumento se deu, basicamente, porque o critério agora é o
ramo de atividade, e não o número de funcionários.
Depois de falar com a imprensa,
a prefeita pediu ao secretário das
Finanças, Luís Carlos Fernandes
Afonso, a criação de um grupo de
estudos sobre as modificações. A
secretaria informou que tal grupo
foi criado no final da tarde.
Sobre a taxa do lixo, Marta citou
possíveis isenções para contribuintes de baixa renda. "Quando
vejo um cidadão na Vila Prudente, um senhor idoso, com o pé
machucado, e que diz "vivo do salário mínimo e vou ter que pagar
R$ 6", começo a pensar para que
essas pessoas, que caíram na situação de ter de pagar, tenham
isenção."
Atualmente, são isentos os moradores de imóveis de até R$ 25
mil. A Secretaria das Finanças informou que já existe um grupo incumbido de analisar isenções para pessoas de baixa renda que residem em imóveis de mais de R$
25 mil. Alguns dos beneficiados
estariam incluídos em programas
sociais da própria prefeitura.
Por outro lado, Marta disse ficar
"indignada" com pessoas que, de
seus "carrões", reclamam da taxa
do lixo. A prefeita afirmou que esse tipo de pessoa não está sendo
"cidadão com sua cidade".
Apesar de reconhecer exageros
no aumento da taxa de fiscalização do comércio, Marta defendeu
o reajuste. Afirmou que políticas
populistas de antecessores impediram tais medidas e que "a cidade ficou cobrando preços ridículos para uma metrópole".
As declarações foram feitas durante lançamento do Programa
de Desenvolvimento da Zona Leste, em Itaquera. Ela anunciou, entre outros projetos, o prolongamento da avenida Jacu-Pêssego
até Guarulhos.
O antigo tributo, a TLIF, rendeu
R$ 104 milhões no ano passado
para os cofres públicos. A prefeitura não informou a expectativa
de arrecadação para este ano com
a TEF. Na cidade, 1,4 milhão de
estabelecimentos pagam a taxa.
O prazo para quitar a primeira
parcela do tributo, que pode ser
dividido em até cinco vezes, vence
no dia 10.
A Fecomercio (Federação do
Comércio do Estado de São Paulo) orientou 65 sindicatos da cidade de São Paulo a entrar com
mandados de segurança contra o
aumento da TEF.
Desde a semana passada, quando os boletos de cobrança começaram a chegar aos estabelecimentos, a Fecomercio recebeu
mais de 30 ligações de comerciantes surpresos ou confusos com a
cobrança.
A estilista aposentada Ilse Keico
Minamidani, 55, possui o registro
de uma confecção que não funciona mais, mas o mantém para
poder reiniciar o negócio algum
dia. A estilista pagava R$ 57 de taxa de fiscalização, agora terá de
desembolsar cerca de R$ 400 por
ano. O valor de sua aposentadoria
é R$ 360. Ela conta que funcionários da prefeitura lhe disseram
que não há o que fazer. "Como
vou pagar isso aí? Não consigo
nem pagar médico."
"Estamos abismados", afirmou
Pedro Zidói, presidente do Sincofarma. A entidade, que representa
4.000 farmácias na cidade, deve
entrar até segunda-feira com um
mandado de segurança contra a
taxa. Zidói critica o fato de pequenos estabelecimentos e grandes
redes pagarem o mesmo.
Outra instituição que cogita recorrer à Justiça até a semana que
vem é o Sindicato do Comércio
Varejista de Gêneros Alimentícios do Estado de São Paulo (Sincovaga), que tem 13 mil associados na cidade.
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