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São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Polícia reforça segurança em São Vicente, onde dois acusados de atentado a fórum estão sendo julgados

Ação antiterror marca julgamento do PCC

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
Policial em frente ao fórum de São Vicente


ALESSANDRO SILVA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO VICENTE

Quatro barreiras policiais interditam ruas no entorno do fórum de São Vicente e o isolam do restante da cidade, no litoral paulista. Dois postos de vigilância, dentro e na frente do prédio, formam a retaguarda de segurança. Mais de 50 PMs estão mobilizados.
Foi nesse clima que começou o julgamento de dois supostos integrantes do PCC (Primeiro Comando da Capital) acusados de atacarem o fórum da cidade no ano passado, matando o advogado Antonio José da Silva, 35.
Um dos acusados admitiu, no julgamento, pertencer à facção. "Houve praticamente uma ação terrorista e temos de tratar o caso desse jeito", disse o tenente Luís Antonio Pontes Cândido, 39, supervisor do plano de segurança.
Em 2002, prédios públicos paulistas sofreram 11 atentados atribuídos ao PCC, que estaria tentando pressionar o governo a rever a repressão contra seus líderes presos. Em uma dessas ações, em 19 de fevereiro, dois homens invadiram o fórum de São Vicente. Balearam o advogado e o funcionário José Ailton Bezerra, que perdeu parte dos movimentos do braço direito. Na fuga, jogaram uma granada, que não explodiu.
Marcelo Calixto Costa, 27, e Sérgio Luiz Fidelis, 30, acabaram presos e denunciados pelos crimes de homicídio, tentativa de assassinato, facilitação de fuga -um preso seria resgatado- e explosão.
Outros dois foram incluídos na acusação: Willians Ribeiro Monteiro, 25, dono do carro usado na ação, e Luciano Costa Santos, o Nego Lu, que teria dirigido o veículo na fuga. Ontem, a defesa conseguiu que fossem julgados separados de Calixto e Fidelis.
Às 10h, a juíza Débora Faitarone Pereira abriu a sessão do júri, que só deve terminar hoje. É o primeiro julgamento por envolvimento em atentados ligados ao PCC.
Calixto e Fidelis negaram participação no crime ao serem ouvidos no interrogatório.
O ponto alto da manhã foi a declaração de Fidelis admitindo fazer parte do PCC. É comum os acusados negarem. "Sim, senhora. Minha participação é... não tenho compromisso nenhum, apenas sou membro", disse.
Fidelis, que na época do crime estava foragido, vinha articulando a rede de narcotráfico do PCC no litoral, conforme escutas telefônicas. O nome dele e de Calixto estão no organograma do grupo, divulgado pela polícia em 2002.
Os promotores Levy Emanuel Magno e Manoel Torralbo Gimenez Júnior pediriam a reprodução em plenário das conversas telefônicas. A defesa tentou impedir.
Em trechos, os acusados conversam sobre o crime e recebem informações sobre os passos da polícia. A defesa diz que não reconhece a voz das gravações.
Segundo o advogado de Fidelis e de Calixto, Joaquim Fernandes, 36, eles não cometeram o crime. Ele argumenta que os projéteis encontrados no corpo não eram da arma apreendida com Calixto, além de a perícia não ter achado digitais da dupla no carro.


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