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Secretário defende que agentes se armem
Após a morte de 4 funcionários, Ferreira Pinto admite que "situação é crítica", mas diz que governo não fornecerá as armas
Sindicato afirma que
criminosos do PCC
conseguiram prontuários
com nomes, fotos e
endereços de agentes
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Em meio à nova crise provocada pelos ataques atribuídos à
facção criminosa PCC aos
agentes penitenciários, o secretário da Administração Penitenciária, Antonio Ferreira
Pinto, defendeu ontem o direito da categoria de ter porte de
armas. Mas adiantou que caberá aos próprios funcionários
adquirir os armamentos.
O secretário disse que, em até
duas semanas, encaminhará à
Assembléia Legislativa um projeto de alteração na lei estadual
para que os agentes penitenciários que trabalham nos 144 presídios paulistas -onde estão
hoje cerca de 126 mil detentos- passem a ter esse direito.
Os agentes ganham, em média, R$ 1.200 mensais. Um revólver custa cerca de R$ 600.
O secretário disse ainda que
nem todos os agentes têm condições de portar arma e, por isso, defende que eles passem por
uma triagem e também por
treinamento antes de conseguirem a licença.
"Existe previsão no Estatuto
do Desarmamento para que os
Estados decidam se os funcionários de presídios podem ou
não portar arma", afirmou. "Já
conversei com o governador
[Cláudio Lembo (PFL)] sobre a
necessidade [do porte de arma]
e ele também entende que esse
pleito deve ser atendido."
Desde 28 de maio, quatro
agentes foram assassinados na
capital e na Grande São Paulo e
outros três foram alvo de atentados. Por conta disso, a categoria vem realizando paralisações
nas unidades. Para o secretário,
que admite que a situação é crítica, o movimento é legítimo.
O temor dos agentes aumentou com a informação do sumiço de fichários com fotos, nomes, endereços e escala de trabalho de funcionários de algumas unidades. No complexo
Campinas-Hortolândia, o sindicato diz terem desaparecido
dados de 130 funcionários de
uma das seis unidades. A entidade diz acreditar que as informações possam estar com criminosos do PCC.
Segundo agentes da capital,
também sumiram prontuários
e fichas médicas nos CDPs
(Centros de Detenção Provisórios) de Belém 1 e 2 (zona leste)
e Parelheiros (zona sul). Ferreira Pinto disse que desconhecia a informação, mas que irá
apurar o caso.
Barril de pólvora
Ferreira Pinto disse também
que o sistema prisional de São
Paulo vive "sob tensão", "como
o mesmo barril de pólvora de
antes". "Minha permanência
será curta, dia 31 de dezembro
estou indo embora, mas, antes
disso, quero demonstrar todas
as distorções que havia nos presídios antes", disse, referindo-se à gestão de seu antecessor,
Nagashi Furukawa -que não
foi localizado para comentar.
De acordo com o secretário,
um inquérito foi instaurado no
9º DP (Carandiru) para tentar
descobrir quem é o responsável
por uma escuta na linha utilizada pelo delegado Osvaldo Arcas, que fazia uma espécie de ligação entre as secretarias da
Administração Penitenciária e
da Segurança Pública e tinha
uma sala na sede da SAP.
Por conta da escuta, foi demitido, semana passada, o coronel
reformado da PM Olinto Neto
Bueno, diretor do Departamento de Inteligência da SAP.
"Por questões administrativas", Ferreira Pinto também
anunciou ontem a troca dos diretores das coordenadorias da
Administração Penitenciária
para a Capital e Grande São
Paulo, região Noroeste do Estado e no Vale do Paraíba.
Colaboraram MAURÍCIO SIMIONATO , da Agência Folha, e o "AGORA"
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