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FAB ameaça prender líder dos controladores
Wellington Rodrigues, presidente da associação brasileira da categoria, é investigado por declarações feitas em vídeo
Ele afirmou que o clima no Cindacta do DF é "doentio" e que operadores de vôo sem "habilitação" estão assumindo o controle
ANDREZA MATAIS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Comando da FAB ameaça
prender o presidente da ABCTA (Associação Brasileira dos
Controladores de Tráfego Aéreo), Wellington Rodrigues,
por ele ter encaminhado mensagem ao congresso dos controladores, na semana passada,
em Brasília, em que diz que o
clima no Cindacta-1 (Brasília) é
"doentio" e que controladores
da Defesa Aérea, "sem habilitação ou curso radar", estão assumindo o controle do tráfego.
Rodrigues está entre os 14
controladores transferidos do
Cindacta-1 pelo comando da
Aeronáutica por insubordinação para a Defesa Aérea.
É um dos líderes dos controladores. Como não foi liberado
pela FAB para participar do
evento, mandou um vídeo com
mensagens como: "Estamos vivendo meses de inferno absoluto" ou "controladores sem habilitação, sem curso radar, estão assumindo o controle [do
espaço aéreo] numa operação
de guerra". A Folha apurou que
esta última frase foi a que mais
irritou os oficiais.
Segundo Normando Augusto
Cavalcanti, advogado dos controladores, Rodrigues assinou
anteontem uma ficha de apuração de transgressão militar.
Agora, ele tem dois dias para
explicar a sua atitude. Com base na resposta, a FAB decide se
haverá punição.
O próprio advogado disse
que Rodrigues deve ser punido
com dez dias de prisão a partir
de sexta-feira. Questionada, a
FAB respondeu: "Wellington
não foi punido hoje [ontem]".
Outros dois controladores do
Cindacta-3, no Recife, também
teriam sido punidos por participar do evento em Brasília. Segundo o procurador Fábio Fernandes, do Ministério Público
do Trabalho, os sargentos Bessa e De Castro foram afastados
do centro de controle.
Eles foram identificados por
imagens das televisões que registraram o evento. O chefe do
Cindacta-3, coronel José Alves
Neto, negou as punições e afirmou que Bessa está de férias.
Segundo Fernandes, as férias
foram antecipadas . De Castro,
de acordo com Alves Neto, teria viajado para Brasília com
recursos da FAB para participar de um curso ao qual não
compareceu. O procurador disse que o sargento cumpriu sim
a sua missão oficial em Brasília
e depois foi ao evento.
Além das punições, para evitar novos protestos dos controladores, a Aeronáutica implementou no Cindacta-1 a figura
do superior de dia, exercida por
militares que não são controladores de vôo.
Controladores disseram à
Folha que cabe aos superiores
de dia a decisão de autorizar ou
não as restrições de tráfego aéreo apontadas pelos sargentos.
A FAB nega esta função, mas
admite que os militares foram
colocados para evitar motins,
providenciar ajuda técnica
quando há problemas nos equipamentos e ajuda médica
quando for necessária.
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