São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

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COMPLEXO DO ALEMÃO

Laudos apontam 5 mortes à queima-roupa, diz deputado

SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Cinco dos 19 mortos pela polícia no complexo do Alemão (zona norte do Rio) na semana passada -quando a polícia invadiu o local e entrou em conflito com traficantes- foram baleados à queima-roupa. Outros três, na nuca. É o que mostram os laudos cadavéricos produzidos pelo IML, afirma o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio, deputado Alessandro Molon (PT).
O deputado disse ontem à noite considerar suspeitas essas oito mortes e levou os laudos para o Ministério Público Estadual, que investiga as circunstâncias em que elas ocorreram.
Os laudos revelam que Paulo Eduardo dos Santos, 18, José da Silva Farias Júnior, 18, e Geraldo Batista Ribeiro, 41, foram baleados na nuca. Com disparos a curta distância morreram Wanderson Gandra Ferreira, 27, Rafael Marques Cerqueira, 27, Pablo Alves da Silva (idade desconhecida), Emerson Goulart, 26, e um homem ainda não-identificado.
"Encontrei nos laudos indícios que considero graves, que precisam ser investigados, para verificar se, nesses casos, houve execução ou tudo foi fruto do confronto com a polícia", disse ele.
Na semana que vem, deverão chegar ao Rio dois peritos de Brasília enviados pela Secretaria Especial de Direitos Humanos. Os peritos examinarão os laudos cadavéricos para apurar como as mortes ocorreram.
A ONU (Organização das Nações Unidas) recomenda que, na investigação de mortes praticadas por policiais em que há a suspeita de assassinato, sejam usados especialistas independentes, de fora dos quadros da polícia ao qual os suspeitos são vinculados.
Ontem, o subsecretário de Segurança do Rio, Márcio Derene, afirmou que "não é possível chegar aos locais de interesse sem receber a agressão dos bandidos. Quando isso acontece, há duas opções: recuar ou enfrentar os criminosos. A Ouvidoria da polícia vai colher depoimentos, fazendo valer o dever constitucional do Estado. As operações continuarão, mas as supostas irregularidades serão apuradas".


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