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Hospital reclama de protesto na Paulista
Novo protesto de professores está previsto para hoje na avenida; região tem cinco hospitais e serve de rota de acesso para mais 10
"Entendemos que transtorna
a população, mas é a única
forma de mostrarmos para a
sociedade a questão da
educação", diz sindicalista
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma nova manifestação de
professores, a quarta em menos
de um mês, deve parar mais
uma vez a avenida Paulista
(centro de SP) hoje à tarde. A
ação prejudica o trânsito e afeta
até mesmo o atendimento nos
hospitais da região, que reclamam da dificuldade de acesso.
"Quando a Paulista pára, tem
uma paralisação do fluxo de
médicos e pacientes", disse Luciano Patah, diretor técnico do
hospital Santa Catarina.
A região da Paulista tem cinco hospitais e serve de rota de
acesso para pelo menos outras
dez unidades. O Santa Catarina
é o mais diretamente atingido,
porque fica na própria avenida.
Patah disse que entre 5.000 e
7.000 pessoas circulam por dia
no hospital, incluindo pacientes, funcionários e médicos. A
entrada principal fica justamente na av. Paulista.
Ele disse desconhecer algum
caso de morte em razão da dificuldade de acesso, mas afirmou
que, em situações de emergência, um protesto é muito prejudicial. Patah diz que, nesses casos, os pacientes são obrigados
a pedir socorro a policiais e a
marronzinhos para abrir caminho no trânsito ou buscar rotas
alternativas (mais distantes).
"Já houve atraso em cirurgia
porque o médico não conseguiu chegar a tempo. Não era
nenhuma cirurgia emergencial,
mas isso atrapalha o andamento do hospital", afirmou.
Aviso prévio
Nas duas últimas sextas-feiras, professores estaduais em
greve fizeram assembléias no
vão do Masp e seguiram em
passeata até a praça da República, fechando a Paulista e outras ruas do centro. Em 13 de
junho, o percurso foi inverso.
A Constituição permite manifestações em qualquer lugar
aberto ao público, desde que a
autoridade competente seja informada com antecedência.
Uma lei e um decreto municipais prevêem que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) seja informada com cinco
dias de antecedência.
A CET diz que os atos recentes foram avisados previamente pelo sindicato dos professores da rede estadual, mas o prazo de cinco dias não foi cumprido. Para o de hoje, por exemplo,
o comunicado foi feito apenas
anteontem.
Os comunicados não significam pedidos de autorização.
Servem apenas para que o poder público tenha como se preparar. A prefeitura não autoriza
eventos na Paulista. Apenas
três -Parada do Orgulho Gay,
corrida de São Silvestre e Réveillon- são permitidos, por
acordo com a Promotoria.
A presidente da Apeoesp
(sindicato dos professores),
Maria Izabel Azevedo Noronha, defendeu os protestos. "A
educação está sendo atacada há
quantos anos? Isso não incomoda a sociedade? Quando há
um evento de futebol, isso também incomoda a sociedade?
Não é prazeroso para nós, não.
Entendemos que transtorna a
população. Mas é a única forma
de mostrarmos para a sociedade a questão da educação."
Ontem, a Promotoria da Habitação e Urbanismo entrou
com uma ação cautelar contra a
Apeoesp pedindo que a Justiça
proíba a entidade de fechar o
trânsito nas avenidas para realizar seus atos. Ainda não houve
decisão. A Apeoesp já foi multada em R$ 156 mil por uma passeata que atrapalhou o trânsito
em 1999. O valor está sendo cobrado pelo Ministério Público
-a entidade diz que recorrerá.
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