São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2008

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Hospital reclama de protesto na Paulista

Novo protesto de professores está previsto para hoje na avenida; região tem cinco hospitais e serve de rota de acesso para mais 10

"Entendemos que transtorna a população, mas é a única forma de mostrarmos para a sociedade a questão da educação", diz sindicalista


DA REPORTAGEM LOCAL

Uma nova manifestação de professores, a quarta em menos de um mês, deve parar mais uma vez a avenida Paulista (centro de SP) hoje à tarde. A ação prejudica o trânsito e afeta até mesmo o atendimento nos hospitais da região, que reclamam da dificuldade de acesso.
"Quando a Paulista pára, tem uma paralisação do fluxo de médicos e pacientes", disse Luciano Patah, diretor técnico do hospital Santa Catarina.
A região da Paulista tem cinco hospitais e serve de rota de acesso para pelo menos outras dez unidades. O Santa Catarina é o mais diretamente atingido, porque fica na própria avenida.
Patah disse que entre 5.000 e 7.000 pessoas circulam por dia no hospital, incluindo pacientes, funcionários e médicos. A entrada principal fica justamente na av. Paulista.
Ele disse desconhecer algum caso de morte em razão da dificuldade de acesso, mas afirmou que, em situações de emergência, um protesto é muito prejudicial. Patah diz que, nesses casos, os pacientes são obrigados a pedir socorro a policiais e a marronzinhos para abrir caminho no trânsito ou buscar rotas alternativas (mais distantes).
"Já houve atraso em cirurgia porque o médico não conseguiu chegar a tempo. Não era nenhuma cirurgia emergencial, mas isso atrapalha o andamento do hospital", afirmou.

Aviso prévio
Nas duas últimas sextas-feiras, professores estaduais em greve fizeram assembléias no vão do Masp e seguiram em passeata até a praça da República, fechando a Paulista e outras ruas do centro. Em 13 de junho, o percurso foi inverso.
A Constituição permite manifestações em qualquer lugar aberto ao público, desde que a autoridade competente seja informada com antecedência. Uma lei e um decreto municipais prevêem que a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) seja informada com cinco dias de antecedência.
A CET diz que os atos recentes foram avisados previamente pelo sindicato dos professores da rede estadual, mas o prazo de cinco dias não foi cumprido. Para o de hoje, por exemplo, o comunicado foi feito apenas anteontem.
Os comunicados não significam pedidos de autorização. Servem apenas para que o poder público tenha como se preparar. A prefeitura não autoriza eventos na Paulista. Apenas três -Parada do Orgulho Gay, corrida de São Silvestre e Réveillon- são permitidos, por acordo com a Promotoria.
A presidente da Apeoesp (sindicato dos professores), Maria Izabel Azevedo Noronha, defendeu os protestos. "A educação está sendo atacada há quantos anos? Isso não incomoda a sociedade? Quando há um evento de futebol, isso também incomoda a sociedade? Não é prazeroso para nós, não. Entendemos que transtorna a população. Mas é a única forma de mostrarmos para a sociedade a questão da educação."
Ontem, a Promotoria da Habitação e Urbanismo entrou com uma ação cautelar contra a Apeoesp pedindo que a Justiça proíba a entidade de fechar o trânsito nas avenidas para realizar seus atos. Ainda não houve decisão. A Apeoesp já foi multada em R$ 156 mil por uma passeata que atrapalhou o trânsito em 1999. O valor está sendo cobrado pelo Ministério Público -a entidade diz que recorrerá.


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