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Lei que impede sacrifício de animais sadios em SP reduz nº de apreensões
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL
A advogada Maria Stella de
Paiva Carvalho, 50, levou na
quarta um cãozinho preto que
encontrara na rua no dia anterior para deixar no CCZ (Centro de Controle de Zoonoses)
de São Paulo. Conseguiu apenas vaciná-lo contra a raiva e
fazer o registro, mas teve de levá-lo de volta para casa.
Com a entrada em vigência
há dois meses e meio da lei que
proíbe a eutanásia de animais
recolhidos pela carrocinha, o
CCZ da capital passou a atender só as emergências. "Temos
apreendido apenas animais
agressivos, doentes ou que invadiram algum local. A população tem reclamado, mas explicamos que não temos espaço suficiente. Os canis estão
cheios, com cerca de 400 animais", diz Marco Antonio Vigilato, 32, diretor do local. "Somos um órgão de saúde pública, não um abrigo de animais."
Com Black na coleira (foi
preciso dar um nome para fazer o registro), Maria Stella iria
dali a um veterinário para dar
outras vacinas e um banho.
"Minha idéia não era ficar com
ele. Já tenho três cachorras e
uma gata, duas adotadas aqui
no CCZ. Talvez o leve nessas
feirinhas de adoção", conta.
Desde o início do ano, o número de apreensões pelo CCZ
de São Paulo já vinha caindo:
em janeiro, foram 1.133 cães e
gatos recolhidos; em fevereiro,
980; em março, 755; em abril
(mês da nova lei), 785; e, em
maio, 649. O número de junho
ainda não está fechado. "Para
fazermos uma análise melhor,
é preciso esperar alguns meses, mas imagino que, até o fim
do ano, o número caia ainda
mais", avalia o diretor do CCZ.
Da mesma maneira, o número de sacrificados também
teve queda. Em janeiro, foram
mortos 849; em fevereiro, 796;
em março, 659; em abril, 560 e,
em maio, chegou a 262.
Por outro lado, entidades de
proteção aos animais comemoram a nova lei. "É a maior
conquista de todos os tempos.
Agora temos de conscientizar
a população para a posse responsável. O CCZ não tem como ficar com os cães. Nesse
momento, serão importantes
parcerias com ONGs", diz Lilian Rockenbach, fiscal de proteção animal da Apasfa (Associação Protetora dos Animais
São Francisco de Assis).
A lei nº 12.916, além de proibir a eutanásia de animais saudáveis, também amplia para
90 dias o prazo de permanência dos agressivos nos centros
de zoonoses e canis do Estado.
Mas, se no período não forem
adotados, poderão ser sacrificados. A eutanásia ainda é permitida em animais com doenças graves ou incuráveis. Anteriormente à lei estadual, cada
cidade tinha as suas regras. Na
capital, um animal sem identificação ficava três dias no CCZ;
aquele com registro ficava cinco dias à espera do dono.
Sorte da autônoma Lia Janiski, 49, que foi na quarta ao
CCZ buscar Átila. Quando o
cão da raça fila, velho, magro e
doente, aparece, trazido por
um funcionário, seus olhos se
enchem de lágrimas. "Ele não
é meu", diz. "Há uns 15 dias, ele
apareceu no bairro e acabou
vindo para cá depois que avançou numa pessoa. Mas reagiu
assim por estar com dor."
Para retirar o cachorro, por
causa do histórico de "mordedura" (ataque), Lia precisou
assinar um termo de compromisso. A lei especifica ainda
que o animal deva ficar em local seguro e em condições favoráveis à ressocialização -isto é, que seja bem alimentado,
fique num lugar calmo e, se for
o caso, receba adestramento.
Todo animal recolhido é vacinado contra raiva e esterilizado. A lei ainda determina a
promoção de campanhas de
adoção. Na primeira realizada
pelo CCZ de São Paulo, no sábado, foram adotados 32 cães e
gatos, número geralmente alcançado em um mês. Interessados podem adotar mesmo
fora do período de campanha.
Serviço: Centro de Controle de Zoonoses, r.
Santa Eulália, 86, Santana, SP, de 2ª a 6ª, das
9h às 17h, tel.: 0/xx/11/2224-5532
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