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WALDYR DUTRA (1925-2010)
O oficial de Justiça e sua dívida
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Waldyr Dutra tinha uma
dívida com um palhaço. Foi
nos anos 40, durante um espetáculo no circo do Arrelia,
no largo da Pólvora, em SP,
que ele conheceu a mulher
com quem viveria até o fim.
Em 1998, o casamento de
Waldyr com Marina fez 50
anos, e aí a família decidiu ir
atrás do palhaço responsável
pela união. Queriam que ele
estivesse na comemoração
das bodas de ouro do casal.
Arrelia, o palhaço, foi um
dos mais conhecidos do país,
o primeiro a aparecer na televisão brasileira com um programa que durou dos anos 50
aos 70. Na época das bodas,
ele estava lançando um livro,
e não foi difícil achá-lo.
Após ouvir o pedido, o palhaço atendeu o desejo dos
pombinhos. Waldyr, de tão
grato, até no enterro do artista circense foi, em 2005.
Natural de SP, ele iniciou a
carreira trabalhando na estrada de ferro Santos-Jundiaí. Depois, fez serviços no
fórum e prestou concurso para oficial de Justiça. Na função, ficou até se aposentar.
Antes, conseguira se formar
em direito, aos 50 anos.
Ao mesmo tempo, trabalhou nos fins de semana no
Jockey, fazendo cálculos e totalização de valores. Também se aposentou por lá.
Gostava das coisas certinhas, não comprava a prestação e tinha pavor de dívidas. Numa caderneta vermelha, anotava até os presentes
dados no Natal. Era o mesmo
valor para todos da família.
No velório, pediu para estar de terno e gravata. Morreu
na segunda, aos 84, de problemas renais. Teve quatro filhos, nove netos e cinco bisnetos. A missa de sétimo dia
será hoje, às 11h30, na igreja
Nossa Senhora do Carmo, SP.
coluna.obituario@uol.com.br
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