São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

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WALDYR DUTRA (1925-2010)

O oficial de Justiça e sua dívida

ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO

Waldyr Dutra tinha uma dívida com um palhaço. Foi nos anos 40, durante um espetáculo no circo do Arrelia, no largo da Pólvora, em SP, que ele conheceu a mulher com quem viveria até o fim.
Em 1998, o casamento de Waldyr com Marina fez 50 anos, e aí a família decidiu ir atrás do palhaço responsável pela união. Queriam que ele estivesse na comemoração das bodas de ouro do casal.
Arrelia, o palhaço, foi um dos mais conhecidos do país, o primeiro a aparecer na televisão brasileira com um programa que durou dos anos 50 aos 70. Na época das bodas, ele estava lançando um livro, e não foi difícil achá-lo.
Após ouvir o pedido, o palhaço atendeu o desejo dos pombinhos. Waldyr, de tão grato, até no enterro do artista circense foi, em 2005.
Natural de SP, ele iniciou a carreira trabalhando na estrada de ferro Santos-Jundiaí. Depois, fez serviços no fórum e prestou concurso para oficial de Justiça. Na função, ficou até se aposentar. Antes, conseguira se formar em direito, aos 50 anos.
Ao mesmo tempo, trabalhou nos fins de semana no Jockey, fazendo cálculos e totalização de valores. Também se aposentou por lá.
Gostava das coisas certinhas, não comprava a prestação e tinha pavor de dívidas. Numa caderneta vermelha, anotava até os presentes dados no Natal. Era o mesmo valor para todos da família.
No velório, pediu para estar de terno e gravata. Morreu na segunda, aos 84, de problemas renais. Teve quatro filhos, nove netos e cinco bisnetos. A missa de sétimo dia será hoje, às 11h30, na igreja Nossa Senhora do Carmo, SP.

coluna.obituario@uol.com.br


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