São Paulo, domingo, 04 de julho de 2010

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Não houve tempo para obras, diz prefeitura

Aprovação da lei foi abrupta, alega diretora

DE SÃO PAULO

A Prefeitura de São Paulo diz que canis públicos e privados estão lotados porque a lei que proíbe o sacrifício de cães de rua, de 2008, entrou em vigor abruptamente, sem dar tempo para que as prefeituras se adaptassem.
"Não é fácil [no poder público] fazer obras e obter verbas de uma hora para outra", diz Ana Claudia Furlan Mori, veterinária e diretora do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses) paulistano. Quando fala de obras, Mori se refere à ampliação dos canis do CCZ, hoje lotados, com 260 cães. Na época em que o sacrifício era livre, 800 eram mortos por mês. A rotatividade era grande. Hoje, saem só 50 a cada mês, por adoção.
Antes, qualquer cão de rua podia ser recolhido e sacrificado, inclusive estando saudável. Agora, apenas o animal agressivo ou com alguma doença grave contagiosa.
"Temos cães no canil desde 2008 [quando a lei entrou em vigor], porque não são filhotes, pequenos nem bonitinhos. Ninguém quer adotar."
O CCZ começará a ampliar seu canil nos próximos dias.

CAMPANHA NA TV
Quando fala de verbas, Mori se refere ao dinheiro necessário para castrações em massa e campanhas educativas contra o abandono.
"Temos ações permanentes em escolas. Em 2009, fizemos campanha na TV, mas é caro manter esse tipo de programa. A campanha da dengue é mais fácil, porque é doença sazonal. Há abandono de animais no ano todo."
"Existe a ideia de que é tudo culpa do poder público. A sociedade precisa se conscientizar de que começa com os donos, que abandonam os animais", ela acrescenta.
No caso das castrações, o CCZ tem acordos com ONGs e veterinários. Em 2009, foram castrados 42 mil cães na capital. Um problema é que mutirões não atingem os cães de rua. Só são operados os animais levados pelos donos.
O CCZ de Sorocaba diz que cumpre integralmente a lei de 2008. A Folha não conseguiu contato com os CCZs de Ribeirão Pires e Bauru.
O deputado estadual Feliciano Filho (PV), autor da lei, atribui os problemas à "inércia do poder público". "Lamento. A questão dos animais não é só humanitária. É de saúde pública, meio ambiente e respeito ao dinheiro público." (RICARDO WESTIN)

Folha.com

Veja vídeo sobre adoção de cães
folha.com.br/ mm760592


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