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Não houve tempo para obras, diz prefeitura
Aprovação da lei foi abrupta, alega diretora
DE SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo
diz que canis públicos e privados estão lotados porque a
lei que proíbe o sacrifício de
cães de rua, de 2008, entrou
em vigor abruptamente, sem
dar tempo para que as prefeituras se adaptassem.
"Não é fácil [no poder público] fazer obras e obter verbas de uma hora para outra",
diz Ana Claudia Furlan Mori,
veterinária e diretora do CCZ
(Centro de Controle de Zoonoses) paulistano. Quando
fala de obras, Mori se refere à
ampliação dos canis do CCZ,
hoje lotados, com 260 cães.
Na época em que o sacrifício era livre, 800 eram mortos por mês. A rotatividade
era grande. Hoje, saem só 50
a cada mês, por adoção.
Antes, qualquer cão de rua
podia ser recolhido e sacrificado, inclusive estando saudável. Agora, apenas o animal agressivo ou com alguma doença grave contagiosa.
"Temos cães no canil desde 2008 [quando a lei entrou
em vigor], porque não são filhotes, pequenos nem bonitinhos. Ninguém quer adotar."
O CCZ começará a ampliar
seu canil nos próximos dias.
CAMPANHA NA TV
Quando fala de verbas,
Mori se refere ao dinheiro necessário para castrações em
massa e campanhas educativas contra o abandono.
"Temos ações permanentes em escolas. Em 2009, fizemos campanha na TV, mas é
caro manter esse tipo de programa. A campanha da dengue é mais fácil, porque é
doença sazonal. Há abandono de animais no ano todo."
"Existe a ideia de que é tudo culpa do poder público. A
sociedade precisa se conscientizar de que começa com
os donos, que abandonam os
animais", ela acrescenta.
No caso das castrações, o
CCZ tem acordos com ONGs e
veterinários. Em 2009, foram
castrados 42 mil cães na capital. Um problema é que mutirões não atingem os cães de
rua. Só são operados os animais levados pelos donos.
O CCZ de Sorocaba diz que
cumpre integralmente a lei
de 2008. A Folha não conseguiu contato com os CCZs de
Ribeirão Pires e Bauru.
O deputado estadual Feliciano Filho (PV), autor da lei,
atribui os problemas à "inércia do poder público". "Lamento. A questão dos animais não é só humanitária. É
de saúde pública, meio ambiente e respeito ao dinheiro
público."
(RICARDO WESTIN)
Folha.com
Veja vídeo sobre adoção
de cães
folha.com.br/
mm760592
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