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AIDS
De um terço a dois terços das pessoas que se tratam com combinação de medicamentos apresentam problema
Coquetel engorda até 67% dos pacientes
AURELIANO BIANCARELLI
JAIRO BOUER
enviados especiais a Genebra
A 12ª Conferência Mundial da
Aids, em Genebra, acabou ontem
em tom de comedimento. Cientistas e militantes concordaram que
é preciso aprender a conviver com
o HIV enquanto se apressam as
pesquisas e se aperfeiçoam programas de prevenção. Mais do que
nunca, é preciso correr.
Porque o vírus não pára, lembraram. Junto ao grande palco do
encerramento, um painel luminoso anunciava que uma pessoa é infectada a cada cinco segundos, no
mundo. Durante os 90 minutos do
encerramento, 1.080 homens ou
mulheres teriam sido infectados.
Genebra mostrou-se realista ao
confirmar que a cura ainda pode
estar longe. Mas animou com novas drogas e estratégias que acenam com formas mais eficientes
de manter o vírus sobre controle.
Uma das preocupações manifestadas é com o efeito do coquetel.
Várias pesquisas mostraram que
os remédios estão causando transtornos, embora não se saiba a dimensão nem a porcentagem de
pacientes atingidos.
Um estudo revelado nesse último dia trouxe novos dados. Segundo o trabalho, de um terço a
dois terços dos pacientes que tomam coquetel com um inibidor da
protease -uma das enzimas do
vírus- tiveram problemas de distribuição de gorduras no corpo.
Andrew Carr, do St. Vincent's
Hospital de Sidney, na Austrália,
anunciou ontem que os pacientes
tiveram perda de gordura em braços, pernas e face. E ganharam depósito de gordura na barriga, pescoço e ombros. Mas só 12%, de
acordo com o estudo, têm alterações mais severas.
O nível do HDL colesterol (tipo
de gordura mais protetor para o
coração) caiu em cerca de um terço dos pacientes, mas se manteve
estável ao longo do acompanhamento (cerca de dois anos).
Nova droga
Um estudo inédito apresentado
no último dia da conferência mostrou uma nova possibilidade de
tratamento com uma droga que
ainda está em fase de teste. O remédio faz parte de uma nova geração de inibidores de protease e
tem apenas uma sigla (ABT 378).
Em combinação com outro inibidor (ritonavir), ele tornou a
contagem de vírus indetectável em
91% dos pacientes no final de 24
semanas. Houve poucos efeitos
colaterais. Os dois poderiam compor um único comprimido, tomado duas vezes ao dia.
O esquema com dois inibidores
da protease é uma das alternativas
de tratamento apontadas em Genebra. O esquema com dois inibidores da transcriptase foi praticamente banido dessa conferência.
Aureliano Biancarelli e Jairo Bouer viajaram a convite
dos laboratórios Merck Sharp & Dohme e Abbot
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