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SEGURANÇA
Pacote de medidas não vai tratar da criação da guarda nacional e definirá como civis e militares pode atuar juntos
Planalto vai forçar integração de polícias
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo federal deixará para
depois a idéia de criar a guarda
nacional e baixará nos próximos
dias medidas para forçar a integração entre as polícias Civil e Militar e alterar a estrutura da segurança pública nos Estados, com o
objetivo de conter a crise no setor.
A tendência é a edição de medida provisória porque o Palácio do
Planalto teme que as polícias promovam forte lobby sobre o Congresso para tentar barrar eventuais mudanças por meio de projeto de lei, atrasando ou até mesmo impedindo a aprovação.
Até terça-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso receberá uma proposta da equipe do governo encarregada de estudar
medidas legais imediatas.
Estão responsáveis por esse estudo o secretário-geral da Presidência, Aloysio Nunes Ferreira, o
advogado-geral da União, Gilmar
Mendes, o ministro da Justiça, José Gregori, e o chefe do Gabinete
de Segurança Institucional da
Presidência, Alberto Cardoso.
Cabe à União legislar sobre normas gerais de segurança pública.
O Planalto tentará reestruturar o
setor por meio de medidas, como
a definição de várias atividades
em que as polícias atuariam de
forma conjunta.
Outra medida sob exame é a
proibição de concessão do título
de secretário de Estado para o
chefe da Polícia Civil ou para o comandante da Polícia Militar.
Um levantamento obtido pelo
Planalto revela que pelo menos
oito Estados têm, além do secretário da Segurança Pública, o chefe
da Polícia Civil ou do comandante da PM com o status de secretário. O governo acredita que essa
distorção esteja impedindo a ação
integrada no setor por causa de
autonomia excessiva dada a cada
segmento da segurança pública.
Redivisão territorial
O governo também cogita determinar a redivisão de áreas territoriais que devem ficar sob a responsabilidade de cada unidade
das polícias de forma que passe a
haver obrigatoriamente a coincidência dos locais de atuação das
polícias Civil e Militar.
O Planalto não descartou a preparação de mudanças mais profundas na segurança pública, como a criação da guarda nacional e
a unificação das polícias, mas está
ciente de que elas vão demorar a
ser instituídas, porque dependem
de aprovação de emenda constitucional pelo Congresso.
O Palácio do Planalto quer explorar politicamente a crise atual
para aprovar emenda que elimine
da Constituição as normas sobre
segurança e, assim, permita que o
tema seja tratado exclusivamente
por meio de leis, de aprovação
mais fácil e rápida.
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