UOL


São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HABITAÇÃO

Frio fez com que famílias abandonassem o local ontem; grupo seguiu para um edifício invadido na rua Aurora

Sem-teto sai da República e vai para prédio

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

O frio fez com que os cerca de 200 sem-teto que acampavam na praça da República, centro de São Paulo, seguissem ontem para um outro prédio ocupado pelo MSTC (Movimento dos Sem-Teto do Centro), também na região.
O edifício onde se instalaram, na rua Aurora, foi invadido no último dia 21 por 500 pessoas durante série de ocupações promovidas pelo movimento -quatro prédios foram ocupados no centro de São Paulo.
Os 200 sem-teto que chegaram ontem à Aurora foram acomodados principalmente no nono andar. Alguns apartamentos são divididos por dez pessoas. "Havia muitas crianças nas famílias. Não dava mais para ficar na rua", disse Fátima Lopes, uma das coordenadoras do MSTC.
Segundo Lopes, há luz e água no prédio da Aurora e banheiro para todos. "O que aconteceu com eles foi muita injustiça", disse.
As famílias acamparam na República após a reintegração de posse do antigo hotel Terminus, ocorrida na última sexta-feira. A reintegração de posse do prédio da Aurora foi negada em primeira instância pela Justiça porque o proprietário não conseguiu comprovar ser o dono do imóvel.

Organização
Após a desocupação do antigo hotel Terminus e do antigo hotel Danúbio, o MSTC mantém militantes somente no prédio da Aurora e de outro antigo hotel na rua Mauá, invadido por mais de mil famílias também no dia 21.
Um salão de cabeleireiro improvisado foi instalado na frente do prédio da Mauá. "Favor comparecer com os cabelos lavados e úmidos", diz uma placa.
O movimento pedirá a presença de um arquiteto para avaliar as condições estruturais do imóvel. O proprietário, Mário Lobo Yaakov Sznifer, disse que sua família tem interesse em vender o prédio, avaliado, segundo ele, em R$ 5 milhões. Segundo lideranças dos sem-teto, os donos não pagam IPTU há muitos anos.
Em São Bernardo do Campo (Grande São Paulo), no terreno da Volkswagen invadido por integrantes do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), o aglomerado de barracas ganha alguma organização, com a definição de ruas para passagem dos moradores. Algumas barracas estão maiores.
"Quando viemos para cá, apareceram muitos oportunistas que montaram suas barracas e sumiram. Pegamos as barracas abandonadas e usamos para melhorar as que têm moradores", disse Iracema Mendes, 39 anos, coordenadora do MTST.


Texto Anterior: Educação: CEU muda regra e abre as piscinas ao público
Próximo Texto: Panorâmica - Transporte: Metrô de SP amplia horário de atendimento na linha 5 a partir de hoje
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.