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SAÚDE
Caso a redução dos recursos se concretize, sanitaristas prevêem deterioração dos serviços e lentidão na implantação do SUS
Setor teme perder R$ 5 bi com reforma
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A reforma tributária, uma das
prioridades do governo Lula, pode significar um prejuízo de R$ 5
bilhões para a saúde, estima o presidente da Abrasco (Associação
Brasileira de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva), José Carvalho de
Noronha.
O temor de que o setor venha a
perder parte considerável de sua
verba, já considerada insuficiente,
dominou anteontem o encerramento do 7º Congresso Brasileiro
de Saúde Coletiva, maior evento
do gênero no país, realizado em
Brasília pela Abrasco.
Segundo Noronha, embora o
Brasil seja a 11ª economia do
mundo, ocupa a 75ª posição em
gastos públicos per capita em saúde. Pelo texto original da Constituição, a União deveria destinar
hoje à saúde R$ 47,5 bilhões, mas
pelas regras em vigor, o montante
chega a apenas R$ 27 bilhões.
"Nossa proposta era que, em
quatro anos, a União estivesse
contribuindo com R$ 40 bilhões,
e os Estados e municípios com R$
25 bilhões", afirmou Noronha.
Caso a redução do dinheiro se
concretize, os sanitaristas prevêem uma deterioração ainda
maior dos serviços públicos, uma
lentidão maior na implantação do
SUS e uma consequente fuga para
os planos de saúde.
"É uma política que vai custar
caro ao Estado, pois os que pagam
saúde suplementar serão empurrados para os serviços públicos
quando ficarem mais idosos e
precisarem de procedimentos
mais complexos e mais longos."
O congresso, que se encerrou
ontem, contou com 8.000 participantes e escolheu o novo presidente da Abrasco, o professor
Moisés Goldbaum, do Departamento de Medicina Preventiva da
Faculdade de Medicina da USP.
Masculinidade de risco
Ser homem é o principal fator
de risco para um ser humano. Na
faixa etária entre 14 e 29 anos,
morrem quase quatro vezes mais
homens que mulheres.
A grande maioria são vítimas da
violência urbana e de acidentes do
trabalho. Depois, quando "começam a criar juízo", continuam
morrendo por doenças que poderiam ser evitadas com visitas ao
médico e hábitos de vida saudáveis. Enquanto as mulheres são as
mais presentes nos ambulatórios
-elas vão três vezes mais ao médico- os homens são maioria
nas emergências e internações.
A preocupação sobre as relações entre gênero, saúde e mortalidade, presente no 7º Congresso
Brasileiro de Saúde Coletiva, tem
uma razão: de pouco adiantam
programas de cuidados à saúde se
os homens não ligam para isso.
"Não avançamos nas questões
de gênero enquanto um dos lados, o homem, não estiver envolvido", diz Ana Maria Costa, do
Ministério da Saúde e presidente
do congresso da Abrasco.
Wilza Villela, do Instituto de
Saúde da Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo, diz que os
suicídios são três vezes mais frequentes entre os homens e há dez
vezes mais homens vítimas de danos causados por alcoolismo.
O repórter Aureliano Biancarelli viajou a
convite da Abrasco
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