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São Paulo, segunda-feira, 04 de agosto de 2003

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SAÚDE

Caso a redução dos recursos se concretize, sanitaristas prevêem deterioração dos serviços e lentidão na implantação do SUS

Setor teme perder R$ 5 bi com reforma

AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A reforma tributária, uma das prioridades do governo Lula, pode significar um prejuízo de R$ 5 bilhões para a saúde, estima o presidente da Abrasco (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva), José Carvalho de Noronha.
O temor de que o setor venha a perder parte considerável de sua verba, já considerada insuficiente, dominou anteontem o encerramento do 7º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, maior evento do gênero no país, realizado em Brasília pela Abrasco.
Segundo Noronha, embora o Brasil seja a 11ª economia do mundo, ocupa a 75ª posição em gastos públicos per capita em saúde. Pelo texto original da Constituição, a União deveria destinar hoje à saúde R$ 47,5 bilhões, mas pelas regras em vigor, o montante chega a apenas R$ 27 bilhões.
"Nossa proposta era que, em quatro anos, a União estivesse contribuindo com R$ 40 bilhões, e os Estados e municípios com R$ 25 bilhões", afirmou Noronha.
Caso a redução do dinheiro se concretize, os sanitaristas prevêem uma deterioração ainda maior dos serviços públicos, uma lentidão maior na implantação do SUS e uma consequente fuga para os planos de saúde.
"É uma política que vai custar caro ao Estado, pois os que pagam saúde suplementar serão empurrados para os serviços públicos quando ficarem mais idosos e precisarem de procedimentos mais complexos e mais longos."
O congresso, que se encerrou ontem, contou com 8.000 participantes e escolheu o novo presidente da Abrasco, o professor Moisés Goldbaum, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP.

Masculinidade de risco
Ser homem é o principal fator de risco para um ser humano. Na faixa etária entre 14 e 29 anos, morrem quase quatro vezes mais homens que mulheres.
A grande maioria são vítimas da violência urbana e de acidentes do trabalho. Depois, quando "começam a criar juízo", continuam morrendo por doenças que poderiam ser evitadas com visitas ao médico e hábitos de vida saudáveis. Enquanto as mulheres são as mais presentes nos ambulatórios -elas vão três vezes mais ao médico- os homens são maioria nas emergências e internações.
A preocupação sobre as relações entre gênero, saúde e mortalidade, presente no 7º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, tem uma razão: de pouco adiantam programas de cuidados à saúde se os homens não ligam para isso.
"Não avançamos nas questões de gênero enquanto um dos lados, o homem, não estiver envolvido", diz Ana Maria Costa, do Ministério da Saúde e presidente do congresso da Abrasco.
Wilza Villela, do Instituto de Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, diz que os suicídios são três vezes mais frequentes entre os homens e há dez vezes mais homens vítimas de danos causados por alcoolismo.


O repórter Aureliano Biancarelli viajou a convite da Abrasco


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