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URBANISMO
Paralisação por falta de estudo de impacto ambiental ocorre em meio a disputa entre cooperativados e empresa
Justiça pára reforma de quiosques do Rio
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A reformulação de 309 quiosques em 34 km de orla marítima
do Rio, uma das principais obras
para os Jogos Pan-Americanos de
2007, foi paralisada em meio a
uma disputa entre proprietários
cooperativados e empresários,
acusações de benefícios irregulares e questionamentos judiciais.
Diretores da Coopquiosque
(entidade de donos de quiosques)
estão sendo acusados de receber
salário da Orla Rio, empresa que
ganhou a licitação da prefeitura
para reformar e explorar os locais.
Os cooperativados contestam o
contrato. A empresa passou a ter a
concessão das estruturas, antes na
mão dos quiosqueiros. Para fazer
com que os donos dos 309 comércios assinassem a reforma, a direção da Coopquiosque firmou
contrato com a Orla Rio.
As obras, iniciadas em Copacabana, estão suspensas pela Justiça
desde a semana passada por falta
de estudo do impacto ambiental.
Segundo ação que será enviada
hoje à Justiça, os diretores da cooperativa são os acionistas da Techobeach, criada para fiscalizar o
contrato com a concessionária.
No documento, João Barreto
Pereira da Costa, dono da Orla
Rio, compromete-se a pagar por
mês R$ 2.500 a cinco comerciantes (Rosana Reigota Lameirinhas,
Erisvaldo da Silva Lima, Gilberto
Viera, Marcus Vinícius Balestieri
e João Carlos Israel Lameirinhas)
durante os 20 anos de contrato.
Rosana é a presidente da cooperativa. Os demais são diretores.
O documento foi firmado por
todos os dirigentes da entidade e
pelo sócio da Orla Rio em 27 de janeiro, mesma data da assinatura
do contrato de concessão.
"Isso mostra que toda a diretoria da cooperativa foi comprada
pela Orla Rio", acusou Júlio César
Gomes Ribeiro da Costa, advogado de parte dos quiosqueiros.
A obra foi parada na semana
passada. A juíza federal Maria Alice Palm Lyard anulou o contrato
pois o empreendimento "reputa-se ilegal, ante a constatação, nos
autos, da ausência das devidas licenças ambientais e da necessária
autorização da secretária do Patrimônio da União e/ou termo de
cessão de uso de bem público".
Segundo a juíza, a anulação
ocorreu "diante das irregularidades constatadas", já que a construção era feita na areia (área da
Marinha), considerada de preservação permanente, sem licenças
ambientais e a elaboração prévia
do estudo de impacto ambiental.
Veto em Ubatuba
Em Ubatuba (litoral norte de
SP), uma decisão judicial também
barrou reformas de quiosques.
Moradores e Ministério Público
consideram demasiado o espaço
ocupado e reclamam do barulho.
Em junho, a Justiça determinou,
após ação da ONG MDU (Movimento em Defesa de Ubatuba), a
paralisação de todas as obras de
quiosques e proibiu novas licenças e a execução de música.
"Os quiosques estão se tornando restaurantes e casas noturnas,
quando, na verdade, não é esse o
tipo de serviço que são autorizados a oferecer", diz a promotora
Elaine Taborda. "Apenas na praia
Grande, com 1,8 km de extensão,
são 30 quiosques, que ocupam
grande espaço e acabam impedindo a visão do mar. É absurdo."
Dono de um quiosque, Luís Fernando Ventura defende a continuação dos shows e da música. "A
decisão judicial, da qual estamos
recorrendo, está impedindo ao
menos oito quiosques de funcionar, o que já causa desemprego."
Para Ary Jardim de Azevedo, secretário municipal de Arquitetura
e Urbanismo, a disputa é mais política que técnica. "Entendemos
os dois lados. Mas também há a
necessidade dos donos de quiosque de atender bem o turista. A cidade depende do turismo."
Colaborou FÁBIO AMATO, da Agência Folha, em São José dos Campos
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