São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2005

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SP ganha laboratório de terapia celular

JOSÉ EDUARDO RONDON
DA AGÊNCIA FOLHA

Um hospital privado de São José do Rio Preto (SP), o IMC (Instituto de Moléstias Cardiovasculares), inaugurou um laboratório de terapia celular para realizar intervenções médicas usando células-tronco adultas em pacientes com problemas cardíacos.
Os pacientes que passarão por esse laboratório participam de um estudo do Ministério da Saúde para o uso de células-tronco adultas em pessoas que tenham doenças do coração. O programa do governo federal engloba o tratamento de casos de infarto agudo do miocárdio, doença isquêmica crônica do coração, cardiopatia chagásica e cardiomiopatia.
O IMC já realizou tratamento inédito com células-tronco de um paciente com trombose. A técnica utilizada evitou que o paciente tivesse a perna amputada e despertou o interesse de outros pacientes que sofrem do mesmo mal (leia texto nesta página).
Desde a inauguração, na semana passada, três pacientes já se submeteram aos procedimentos determinados pelo ministério para o tratamento de doenças do coração. O projeto é custeado pelo governo federal.
Na quinta-feira passada, um portador de cardiomiopatia chagásica (doença de Chagas) passou pela intervenção médica. Na sexta, outro paciente, com 42 anos, que sofre de cardiomiopatia dilatada (degeneração do miocárdio, que faz com que o coração perca a capacidade de pulsar), também passou pelo procedimento. Anteontem, um homem que havia sofrido infarto foi atendido.
O coordenador do grupo de estudo de terapia celular do IMC, Milton Artur Ruiz, que chefiou as intervenções, disse à Folha que não poderia informar se os dois pacientes realmente tiveram implantadas células-tronco em seus corações ou se houve o uso de placebo. "Se for divulgado para um paciente x que ele recebeu mesmo [implante de células-tronco], ele tem uma reação. Se disser que ele não recebeu, o efeito psicológico pode influenciar negativamente."
Em caso de recebimento de células-tronco, que são retiradas da medula óssea do paciente, um cateter introduzido na região da virilha distribui o material em vários pontos do coração.
Há cerca de três meses, médicos do IMC deram início às pesquisas com células-tronco adultas.
O diretor do departamento científico do hospital, Oswaldo Tadeu Greco, cardiologista, disse que em torno de R$ 300 mil foram gastos com as pesquisas e criação do laboratório, que faz o preparo das células-tronco adultas para serem implantadas nos pacientes.
"A inauguração do laboratório e o acompanhamento do Ministério da Saúde vão propiciar atender mais doentes por semana. Nossa meta é realizar de dois a três procedimentos com células-tronco semanalmente."
O laboratório funcionará também como um aparelho de estudos do material coletado e, depois dos implantes, acompanhará as respostas dadas pelos pacientes.
Para o coordenador nacional do estudo do ministério, Antonio Carlos Campos de Carvalho, membro do INCL (Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras), as condições apresentadas pelo IMC para a aplicação de células-tronco para o tratamento de cardiopatias são excelentes. "Aqui tem tudo o que é necessário para realizar o estudo dentro das melhores normas internacionais", afirmou.


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