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Para ministro, é um "disparate" adiar aulas
Temporão (Saúde) afirma que a recomendação para prevenir a gripe suína é manter em casa só crianças e funcionários com sintomas da doença
5 Estados prorrogaram férias escolares para tentar conter pandemia; próprio ministério havia transferido aos Estados decisão de adiar ou não aulas
Caio Guatelli/Folha Imagem
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Guilherme Germano, que teve as aulas suspensas, usa o computador para atividades on-line
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, disse ontem
considerar um "disparate" alunos sadios terem o início das
aulas adiado por conta da gripe
suína. Segundo ele, a recomendação do ministério é que devem ficar em casa apenas as
crianças e funcionários com
sintomas como febre e tosse.
"Quem não tem sintoma não
tem que ficar em casa. Seria um
disparate total", disse ontem
em evento no Rio. Os governos
de São Paulo, Rio, Rio Grande
do Sul, Paraná e Minas prorrogaram as férias escolares.
A decisão foi tomada após o
próprio ministério divulgar nota, na semana passada, em que
transferia aos Estados a decisão de adiar ou não o início das
aulas como estratégia para conter a disseminação do vírus.
Em vários Estados, as aulas
foram adiadas para o dia 17. O
secretário da Saúde de SP, Luiz
Roberto Barradas Barata, argumentou que, a partir desta data,
a temperatura estará mais
amena e já terá passado o prazo
que costuma durar uma epidemia de gripe (cerca de oito semanas). Ele não comentou a
declaração do ministro.
O secretário da Saúde do Rio
Grande do Sul, Osmar Terra,
afirmou que as aulas foram
adiadas com base na opinião de
um comitê de especialistas. Já
o governador Aécio Neves (Minas) diz que "foi uma medida
preventiva" e que o Estado está
"atento, mas não alarmado".
Exagero
Além da rede pública, várias
escolas particulares e universidades também prorrogaram as
férias. Eitan Berezin, presidente do departamento científico
de infectologia da Sociedade
Brasileira de Pediatria, acha
que houve um certo exagero.
"Até os adolescentes do ensino
médio poderiam ter aulas", diz.
Berezin, porém, diz que a recomendação em relação às
crianças é válida. "É uma medida importante para creches e
escolas com crianças menores,
porque elas se beijam e abraçam mais, têm mais contato."
O infectologista David Uip,
diretor do Instituto Emílio Ribas, participou da reunião em
SP que definiu pelo adiamento
das aulas. Segundo ele, a decisão foi acertada, já que dados
recentes mostram que a transmissão do vírus por crianças é o
dobro da por adultos.
Esper Kallas, infectologista
da USP, diz que o efeito da medida será pequeno, já que existem outras formas de aglomeração, como cinema e shopping, que não são evitadas.
Mas, em São Paulo, algumas
das escolas que decidiram não
suspender as aulas enfrentaram a resistência de pais.
Na Agostiniano Mendel (zona leste de SP), pais foram à diretoria pedir a suspensão das
atividades, que recomeçaram
ontem. Os alunos foram informados que, nesta semana, haverá revisão de conteúdo, com
presença obrigatória. Procurada, a escola não se manifestou.
No Liceu Pasteur (zona sul),
os alunos afirmam que metade
dos estudantes faltou, já que a
presença não é obrigatória. "Liguei para a escola para saber se
vão se responsabilizar se algum
aluno ficar doente", diz a acupunturista Leila de Castro, 39,
mãe de Giovanna, 15.
Temporão criticou previsões
de expansão da doença. "Existem os futurólogos do caos que
escrevem um monte de besteira. Saiu na imprensa que nós teríamos milhões de casos, [projeção] em cima do modelo matemático feito para um vírus diferente de uma doença que não
existiu. Chega a ser patético."
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