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Agência de turismo diz que hospital liberou viagem de menina
Jacqueline morreu no domingo no avião; horas antes, durante conexão no Panamá, ela reclamou de cansaço e aguardou voo em uma cadeira de rodas
DA REPORTAGEM LOCAL
A direção da agência de turismo Tia Augusta informou ontem que a garota Jacqueline
Ruas, 15, que morreu no último
domingo no voo de volta de
uma viagem à Disney (EUA),
havia sido liberada para viajar
pela equipe que a atendeu no
Celebration Florida Hospital,
na região de Orlando.
A recomendação médica, segundo o diretor executivo da
agência, Filipe Fortunato, foi
que ela voltasse a procurar
atendimento em caso de febre
alta, tontura, dificuldade de
respirar, vômito e dores.
Jacqueline sentiu-se mal durante o passeio e foi levada ao
hospital na sexta-feira, véspera
de seu embarque para retornar.
Ela foi diagnosticada com
"pneumonia leve", segundo
Fortunato, e os médicos descartaram a possibilidade de ela
ter contraído gripe suína.
De acordo com Fortunato, os
médicos americanos sabiam
que se tratava de uma estrangeira que faria uma viagem longa e não fizeram restrição. À reportagem, o hospital se negou a
dar detalhes sobre o caso.
Mas, quando o avião desembarcou no Panamá, onde fez conexão para o Brasil, Jacqueline
usou uma cadeira de rodas, já
que se queixava de cansaço.
Nas três horas em que permaneceu no aeroporto, não recebeu atendimento médico nem
teve sua temperatura medida,
segundo a agência de turismo.
A duração do voo do Panamá
ao Brasil é de cerca de sete horas. O cirurgião Irineu Rasera
Júnior, que, com outro médico,
prestou atendimento à garota
no avião, disse que horas antes
viu uma menina que parecia ser
Jacqueline de cadeira de rodas
no saguão do aeroporto do Panamá e que ela parecia bem.
Ele conta que, quando foi
chamado por volta das 4h30, as
luzes internas do avião estavam
desligadas e a maioria dos passageiros dormia. Rasera diz que
tentou reanimar Jacqueline.
Ela havia sofrido uma parada
cardíaca e estava sem pulsação,
fria e com as pupilas fixas. Segundo ele, a ajuda foi pedida
após ela não reagir ao chamado
de um colega.
Gripe suína
Mesmo com os médicos descartando gripe suína, Jacqueline já estava tomando Tamiflu
por recomendação da médica
providenciada pela agência que
a atendera no hotel.
Ainda segundo o diretor da
agência, uma criança de cerca
de dez anos que viajava com o
grupo acompanhada dos pais
teve resultado positivo para o
exame de gripe suína e ficou de
repouso entre 24 h e 48 h, retomando atividades com os demais depois que passaram os
sintomas da doença.
A agência de turismo diz ter
pedido apoio ao governo brasileiro para questionar a razão de
os médicos americanos terem
liberado a menina. O diretor
Fortunato disse que a agência
não foi informada sobre a causa
da pneumonia e que apenas a
família de Jacqueline poderá
ter acesso aos dados sobre sua
saúde, que devem ser liberados
entre 15 dias a 20 dias.
Eitan Berezin, presidente do
departamento científico de infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria, afirma que a
medida correta seria ter levado
Jacqueline para um hospital na
Cidade do Panamá, já que ela
não se sentia bem.
"Não é um trecho muito curto de viagem, ela deveria ter sido levada para um hospital para ser checada, fazer um Raio-X
do pulmão. Ela provavelmente
precisava de uma drenagem na
pleura [revestimento do pulmão que, quando está com
muito líquido, impede que o órgão se expanda], e no avião não
há condições de atendimento."
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