São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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VIOLÊNCIA

Ferido em escola disse ao pai que amigo quis provar que arma era verdadeira

Jovem brincava de roleta-russa, afirma colega ferido na escola

DA SUCURSAL DO RIO

O estudante Róbson Gonçalves, 16, atingido por um tiro disparado por outro adolescente, Manoel Pereira da Silva Neto, 14, dentro de uma escola pública em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, disse ao pai ter sido vítima de uma roleta-russa. Ele continua internado em estado grave.
O agressor foi morto, horas depois do acidente, com dois tiros, e enterrado ontem, no Cemitério da Solidão, próximo da escola.
O pedreiro Rubevaldo Rodrigues, 40, pai de Gonçalves, disse ontem que o menino que fez o disparo, aparentemente, não sabia que o revólver era verdadeiro.
Rodrigues disse que esteve com o filho, por algumas horas, no Centro de Tratamento Intensivo do hospital e que ele descreveu o que se passou na escola.
Segundo esse relato, Pereira Neto estava fora da escola havia dois meses e voltou para ver a namorada e os ex-colegas da sexta série. Por volta das 10h, teria se juntado aos estudantes no corredor e exibido a arma que, segundo contou, achara num aterro.
Os estudantes teriam comentado que a arma seria de brinquedo. O garoto, então, teria tirado uma bala do bolso e passado a brincar de roleta-russa com os ex-colegas. Numa das tentativas, segundo os relatos, houve o disparo, que atingiu a barriga de Gonçalves.
Pereira Neto passou em casa, pegou algumas roupas e fugiu, alegando que estava com medo. Por volta das 20h30, foi encontrado agonizando, com dois tiros.
O inspetor Molina, da 54ª Delegacia Policial, que investigará o caso, disse que a polícia não tem pistas sobre quem matou o adolescente. Os parentes dos dois garotos, a diretora da escola e os alunos que testemunharam o disparo no intervalo das aulas serão convidados a depor.
Segundo o inspetor, até o momento só ocorreram conversas informais, porque as famílias estão traumatizadas.
Uma das hipóteses é que o jovem que fez o disparo na escola tenha sido morto por vingança. O pai do garoto que foi ferido refuta essa hipótese. "Só quem pode fazer justiça é Deus."
As duas famílias envolvidas na tragédia são migrantes da Paraíba. Rubevaldo Rodrigues é analfabeto e trabalhava na lavoura antes de mudar para o Rio de Janeiro, 20 anos atrás.
O adolescente morto deixou a Paraíba há cinco anos. O menino vivia com o avô, Manoel Pereira Silva, 71, agricultor, que decidiu juntar-se aos filhos no Rio.


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