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VIOLÊNCIA
Ferido em escola disse ao pai que amigo quis
provar que arma era verdadeira
Jovem brincava de roleta-russa, afirma colega ferido na escola
DA SUCURSAL DO RIO
O estudante Róbson Gonçalves,
16, atingido por um tiro disparado por outro adolescente, Manoel
Pereira da Silva Neto, 14, dentro
de uma escola pública em Belford
Roxo, na Baixada Fluminense,
disse ao pai ter sido vítima de uma
roleta-russa. Ele continua internado em estado grave.
O agressor foi morto, horas depois do acidente, com dois tiros, e
enterrado ontem, no Cemitério
da Solidão, próximo da escola.
O pedreiro Rubevaldo Rodrigues, 40, pai de Gonçalves, disse
ontem que o menino que fez o
disparo, aparentemente, não sabia que o revólver era verdadeiro.
Rodrigues disse que esteve com
o filho, por algumas horas, no
Centro de Tratamento Intensivo
do hospital e que ele descreveu o
que se passou na escola.
Segundo esse relato, Pereira Neto estava fora da escola havia dois
meses e voltou para ver a namorada e os ex-colegas da sexta série.
Por volta das 10h, teria se juntado
aos estudantes no corredor e exibido a arma que, segundo contou,
achara num aterro.
Os estudantes teriam comentado que a arma seria de brinquedo.
O garoto, então, teria tirado uma
bala do bolso e passado a brincar
de roleta-russa com os ex-colegas.
Numa das tentativas, segundo os
relatos, houve o disparo, que atingiu a barriga de Gonçalves.
Pereira Neto passou em casa,
pegou algumas roupas e fugiu,
alegando que estava com medo.
Por volta das 20h30, foi encontrado agonizando, com dois tiros.
O inspetor Molina, da 54ª Delegacia Policial, que investigará o
caso, disse que a polícia não tem
pistas sobre quem matou o adolescente. Os parentes dos dois garotos, a diretora da escola e os alunos que testemunharam o disparo no intervalo das aulas serão
convidados a depor.
Segundo o inspetor, até o momento só ocorreram conversas
informais, porque as famílias estão traumatizadas.
Uma das hipóteses é que o jovem que fez o disparo na escola
tenha sido morto por vingança. O
pai do garoto que foi ferido refuta
essa hipótese. "Só quem pode fazer justiça é Deus."
As duas famílias envolvidas na
tragédia são migrantes da Paraíba. Rubevaldo Rodrigues é analfabeto e trabalhava na lavoura antes de mudar para o Rio de Janeiro, 20 anos atrás.
O adolescente morto deixou a
Paraíba há cinco anos. O menino
vivia com o avô, Manoel Pereira
Silva, 71, agricultor, que decidiu
juntar-se aos filhos no Rio.
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