São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2004

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CV perde poder, mas ainda domina

MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Embora venha perdendo o controle de seus principais redutos para os grupos rivais ADA (Amigo dos Amigos) e TCP (Terceiro Comando Puro), a facção criminosa CV ainda mantém a supremacia no Rio, onde domina 61% dos pontos de tráfico das favelas cariocas, segundo a polícia.
Um levantamento feito pela Secretaria de Segurança em 280 das principais favelas e morros da capital revela que o CV detém o controle de 173 pontos de tráfico, contra 63 da ADA e 37 do TCP.
Só neste ano, o CV perdeu para a ADA a venda de drogas nas favelas da Rocinha e do Vidigal (zona sul) e no morro do Zinco (Estácio, zona central). Para o TCP, perdeu dois importantes redutos na zona oeste, no conjunto Vilar Carioca (Campo Grande) e na favela do Sapo (Senador Camará).
Antes unidas, as facções ADA e TCP também têm entrado em disputas pelos pontos-de-venda de drogas. Há três semanas, a ADA tomou do rival os pontos do morro do Timbau e da favela Baixa do Sapateiro, ambas no complexo da Maré (zona norte).
A polícia acredita que a guerra entre as facções deve continuar nos próximos meses. Há informação de que o líder da ADA, Irapuan David Lopes, o Gangan, pretende invadir as favelas restantes do complexo da Maré, como a Nova Holanda e a Parque União, do CV, além do morro do Dendê (Ilha do Governador), do TCP.
Dominando a venda de droga nessas comunidades, a facção teria todo o controle do tráfico nas margens da baía de Guanabara, onde, segundo a polícia, chega grande parte dos carregamentos de drogas e armas.
O CV vem perdendo seus redutos porque a maioria de seus líderes está preso em Bangu 1. Hoje, o grande chefe da facção em liberdade é Leonardo Marques da Silva, o Sapinho, do morro da Providência (zona portuária).
Segundo a polícia, a facção teria um plano de resgatar seus principais chefes em Bangu 1, entre eles Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP. Para isso, os traficantes estariam assaltando carros-fortes e caixas eletrônicos. O objetivo seria juntar R$ 1 milhão para colocar o plano em prática. As recentes apreensões de centrais de telefone em redutos do CV reforçam essa suspeita.
O TCP também está enfraquecido. Só neste ano, a facção teve cinco líderes presos e um morto.


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