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Propagandista pediu uma "forcinha"
DA REPORTAGEM LOCAL
Médicos de duas áreas distintas
da medicina, a neurologia e a urologia, relatam cenas ou situações
em que ficou clara a troca de favores entre médicos e laboratórios.
Celio Levyman, neurologista
das unidades Morumbi e Alphaville do Hospital Israelita Albert
Einstein, diz ter presenciado um
médico brasileiro receber US$
8.000 de um representante de laboratório após palestrar favoravelmente sobre uma droga em
um congresso no exterior.
"A entrega do dinheiro foi na
minha frente. Ninguém teve vergonha ou qualquer constrangimento. Diante da minha surpresa, esse médico explicou que a remuneração era pelo trabalho que
tivera elaborando a apresentação", conta Levyman.
Já o urologista Jorge Hallak, da
USP de São Paulo, diz que, entre
os médicos, são conhecidas as
"mesadas" que especialistas de
áreas como a reprodução humana recebem da indústria farmacêutica em troca da prescrição de
medicamentos. "Nos EUA, a relação dos médicos é com o setor de
pesquisas e desenvolvimento da
indústria farmacêutica. Aqui, é
com área comercial", diz ele.
Ex-diretor do Cremesp, Levyman diz acreditar que haja sim
um monitoramento das receitas
médicas pelos laboratórios por
meio das farmácias.
"Os propagandistas costumam
dizer: "Dá uma forcinha aí, doutor. Prescreve mais porque ainda
não atingi a minha cota na região".
Se ele diz isso, é porque tem a informação de que estou prescrevendo pouco o seu produto."
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