|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RETRATO URBANO
Não há vagas para 126 mil crianças de zero a seis anos; número supera as 120 mil assistidas pela rede municipal
Com mais crianças, periferia fica sem creche
DA REPORTAGEM LOCAL
Na capital paulista, 126 mil
crianças entre zero e seis anos estão fora da escola por não haver
vagas na educação infantil pública. O número é superior ao total
de crianças atendidas pela rede
municipal, hoje em 120 mil.
No Grajaú (zona sul), local onde
mais houve crescimento da faixa
etária de zero a 14 anos entre 1996
e 2004 (32 mil crianças), faltam
creches e locais de lazer. Por se
tratar de uma área de manancial,
protegida por lei, há dificuldade
para construir praças e prédios,
pois, segundo a subprefeitura local, espaços livres devem ser destinados ao reflorestamento.
"A situação é sufocante, mas
onde vamos colocar tantas crianças?", questiona Sônia Salgado,
presidente da União de Moradores 7 de Setembro
Em Cidade Tiradentes (zona
leste), segundo bairro em crescimento populacional infantil, com
24 mil crianças, a situação não é
diferente. Vários locais não têm
creche e também faltam escolas
de ensino infantil, segundo levantamento da subprefeitura local.
Os equipamentos públicos de
lazer são insuficientes. A subprefeitura estima que seja necessário
construir mais cem praças -há
58 na área. O subprefeito Arthur
Xavier diz que está empenhando
em mudar a situação e conta já ter
construído quatro praças desde
14 de junho deste ano.
Segundo Maria das Graças dos
Reis, presidente do Conselho de
Entidades Filantrópicas de Cidade Tiradentes, a falta de creche e
de lugares de lazer leva as crianças
a se envolver com a criminalidade
mais precocemente.
Governo
De acordo com o secretário municipal da Educação, José Aristodemo Pinotti, a prefeitura tentará
minimizar o problema com a
construção de creches em pelo
menos 17 dos 21 CEUs que existem na cidade. Cada uma terá capacidade para 250 crianças.
A secretaria também espera a
concessão de dez escolas estaduais ociosas, localizadas na região central, para poder instalar
creches nesses locais. Além disso,
está sendo feito um acordo com
empresários, sindicatos e Ministério Público para viabilizar cerca
de 20 mil vagas em creches para
filhos de funcionárias de empresas. Há ainda sete terrenos públicos na periferia que poderiam
abrigar uma unidade cada um.
No entanto, a maior parte dessas medidas, exceto as escolas
concedidas pelo Estado, deve ser
aplicada apenas no próximo ano
e, mesmo assim, não cobriria nem
metade do déficit de vagas existente. Cerca de 90 mil crianças ficariam fora da rede de ensino.
Segundo Pinotti, a secretaria
tem muita dificuldade em encontrar vagas para construir prédios
porque a região de periferia é bastante povoada e tem várias ocupações irregulares.
No ensino fundamental, as escolas estão lotadas. Devido ao
problema, em 70% das unidades
os estudantes são divididos em
três turnos diários e muitas salas
estão com excesso de alunos. Segundo o secretário, o ideal são 30
estudantes por classe e apenas
dois turnos diários.
Para melhorar a situação, a pasta pretende construir 852 salas em
257 escolas, que têm áreas disponíveis. Segundo ele, a substituição
das escolas de latinha e a construção de 15 novas também irão gerar mais vagas.
(LUÍSA BRITO)
Texto Anterior: Irmãs são as únicas crianças em prédio de SP Próximo Texto: Barra da Tijuca faz apostas no público mirim Índice
|