São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2005

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RETRATO URBANO

Não há vagas para 126 mil crianças de zero a seis anos; número supera as 120 mil assistidas pela rede municipal

Com mais crianças, periferia fica sem creche

DA REPORTAGEM LOCAL

Na capital paulista, 126 mil crianças entre zero e seis anos estão fora da escola por não haver vagas na educação infantil pública. O número é superior ao total de crianças atendidas pela rede municipal, hoje em 120 mil.
No Grajaú (zona sul), local onde mais houve crescimento da faixa etária de zero a 14 anos entre 1996 e 2004 (32 mil crianças), faltam creches e locais de lazer. Por se tratar de uma área de manancial, protegida por lei, há dificuldade para construir praças e prédios, pois, segundo a subprefeitura local, espaços livres devem ser destinados ao reflorestamento.
"A situação é sufocante, mas onde vamos colocar tantas crianças?", questiona Sônia Salgado, presidente da União de Moradores 7 de Setembro
Em Cidade Tiradentes (zona leste), segundo bairro em crescimento populacional infantil, com 24 mil crianças, a situação não é diferente. Vários locais não têm creche e também faltam escolas de ensino infantil, segundo levantamento da subprefeitura local.
Os equipamentos públicos de lazer são insuficientes. A subprefeitura estima que seja necessário construir mais cem praças -há 58 na área. O subprefeito Arthur Xavier diz que está empenhando em mudar a situação e conta já ter construído quatro praças desde 14 de junho deste ano.
Segundo Maria das Graças dos Reis, presidente do Conselho de Entidades Filantrópicas de Cidade Tiradentes, a falta de creche e de lugares de lazer leva as crianças a se envolver com a criminalidade mais precocemente.

Governo
De acordo com o secretário municipal da Educação, José Aristodemo Pinotti, a prefeitura tentará minimizar o problema com a construção de creches em pelo menos 17 dos 21 CEUs que existem na cidade. Cada uma terá capacidade para 250 crianças.
A secretaria também espera a concessão de dez escolas estaduais ociosas, localizadas na região central, para poder instalar creches nesses locais. Além disso, está sendo feito um acordo com empresários, sindicatos e Ministério Público para viabilizar cerca de 20 mil vagas em creches para filhos de funcionárias de empresas. Há ainda sete terrenos públicos na periferia que poderiam abrigar uma unidade cada um.
No entanto, a maior parte dessas medidas, exceto as escolas concedidas pelo Estado, deve ser aplicada apenas no próximo ano e, mesmo assim, não cobriria nem metade do déficit de vagas existente. Cerca de 90 mil crianças ficariam fora da rede de ensino.
Segundo Pinotti, a secretaria tem muita dificuldade em encontrar vagas para construir prédios porque a região de periferia é bastante povoada e tem várias ocupações irregulares.
No ensino fundamental, as escolas estão lotadas. Devido ao problema, em 70% das unidades os estudantes são divididos em três turnos diários e muitas salas estão com excesso de alunos. Segundo o secretário, o ideal são 30 estudantes por classe e apenas dois turnos diários.
Para melhorar a situação, a pasta pretende construir 852 salas em 257 escolas, que têm áreas disponíveis. Segundo ele, a substituição das escolas de latinha e a construção de 15 novas também irão gerar mais vagas. (LUÍSA BRITO)


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