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COMPORTAMENTO
Usada no início por xamãs mexicanos, "Salvia divinorum" é vendida na internet como alucinógeno
SP tem droga que foi moda no verão europeu
DO "AGORA"
Em sintonia com a tendência
européia de usar drogas naturais
ao invés de sintéticas, chegou à cidade de São Paulo a Salvia divinorum, planta de origem mexicana
com poderosos efeitos alucinógenos, a exemplo do mais conhecido LSD, o ácido lisérgico.
Embora não haja registro de
problemas de saúde atribuídos ao
uso da droga, as conseqüências
da ação da planta no organismo
ainda são desconhecidas. No Brasil, a droga não é ilegal nem para
consumo nem para venda, daí a
facilidade de encontrar a planta.
A exemplo de outras substâncias de efeito semelhante, a droga
faz com que o usuário perca a
consciência e, a princípio, poderia causar sérios danos à saúde.
Como a pessoa perde os sentidos, teria problemas para atividades normais, como dirigir.
"Parece um pouco com sonho,
mas muito mais vívido, "real" e
significativo. Já experimentei outros alucinógenos (como LSD e
psilocibina) e, com certeza, a Salvia divinorum foi o mais forte e
assustador", relata um usuário,
que preferiu o anonimato.
Um dos primeiros a se manifestar sobre essa tendência no país e
a escrever sobre a Salvia divinorum foi o juiz aposentado e ex-secretário nacional Antidrogas
Walter Maierovitch, uma das
maiores autoridades do país em
entorpecentes ilegais.
"Vinte e sete jovens morreram
na Europa porque usaram drogas
impuras, de laboratórios de fundo
de quintal. Elas [as sintéticas]
continuam imbatíveis lá, mas
existe uma grande busca por produtos naturais." disse.
Segundo Maierovitch, o verão
europeu -que coincide com o
inverno no Brasil- sempre apresenta novas tendências mundiais
no consumo de drogas.
"Essas novas drogas acabam
chegando ao Brasil, mas com
atraso e de uma maneira um pouco diferente", afirmou o juiz.
Internet
Um dos sinais de início de consumo da planta no país é a criação
da comunidade Salvia divinorum
Brasil, no Orkut (rede virtual de
relacionamentos).
Até a última sexta-feira, o grupo
tinha 348 membros. Na comunidade, os integrantes trocam informações sobre como adquirir a
droga e relatam as experiências
que tiveram com ela.
A droga é vendida pela internet
em sites hospedados no exterior.
O único registro de venda no Brasil encontrado pela reportagem
foi no site de leilões virtuais Mercado Livre.
No último dia 28, um usuário
registrado como "Salviabrasil"
vendeu cinco gramas de folhas secas de Salvia divinorum por R$
45. A direção do site afirma ter ficado sabendo da venda da nova
droga por meio da reportagem.
"Temos uma equipe de 25 pessoas que se dedica a monitorar e a
filtrar os anúncios ilegais. Muitas
vezes vamos além das leis", afirmou o diretor-presidente do Mercado Livre, Stelleo Tolda.
"Esse [Salvia divinorum] não é
o tipo de produto que nos interessa. Agora que ficamos sabendo do
que se trata, não haverá mais
[venda]", afirmou.
Os sites encontrados pela reportagem vendem a droga, falam das
propriedades do produto e fazem
ainda alguns alertas, entre eles o
de jamais tomar o entorpecente
desacompanhado. Também há
endereços na internet que tratam
do uso da droga para transes supostamente religiosos.
Legislação
A droga é legal na maioria dos
países, inclusive no Brasil. As exceções são a Itália e a Austrália,
onde a droga é ilegal para uso e
também para venda. No Japão, na
Dinamarca, na Finlândia e na Coréia do Sul, a droga é proibida
apenas para comercialização.
A Polícia Federal informou, por
meio de sua assessoria de imprensa, que só são consideradas ilegais
algumas substâncias citadas na
portaria 344 da Anvisa (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária).
A salvidorina, princípio ativo da
Salvia divinorum, não está na lista.
(LÍVIA SAMPAIO)
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