São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2011

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SUS dá cadeiras de rodas sem as devidas adaptações

Pacientes e entidades do terceiro setor, como AACD, acabam bancando adequações que ajudam tratamento

Ministério da Saúde diz que atendimento personalizado já está em estudo na pasta, mas sem previsão

Zanone Fraissat/Folhapress
Rosenilda Costa e seus três filhos em cadeira de rodas tripla, que facilitou rotina da família

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Com a ajuda de uma cadeira de rodas tripla, ficou mais fácil para Rosenilda Costa, 27, levar seus três filhos para a escola e para passear.
Antes do sistema desenvolvido pela AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), com cadeiras conectáveis, ela demorava meia hora para subir da viela onde mora até a rua onde pega a perua que leva à associação.
Agora, são no máximo dez minutos para fazer o mesmo percurso. "Eu tinha que empurrar um e voltar atrás para empurrar o outro", diz.
Como os filhos de Rosenilda, outras pessoas com deficiências físicas precisam de equipamentos adaptados a questões específicas. O SUS, no entanto, entende que sua obrigação vai até o fornecimento da cadeira.
Os custos de adequações posturais, por exemplo, que vão de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil, acabam ficando por conta do paciente ou de entidades do terceiro setor, como a AACD.
"Propomos que o SUS mude seu entendimento sobre o que é adaptação, que vai além da cadeira", diz João Octaviano Machado Neto, superintendente-geral da AACD.
No caso de um paciente com escoliose (tipo de desvio de coluna) acentuada, é preciso que a espuma do assento e encosto da cadeira seja moldada ao contorno exato das costas, diz Machado.
"É uma adaptação sob medida, para que uma pessoa em recuperação, depois da fisioterapia, não tenha a evolução prejudicada".
Devido aos custos dessas adaptações, entidades do terceiro setor acabam atendendo menos pacientes.
As cadeiras encaixáveis dos filhos de Rosenilda custaram no total cerca de R$ 10 mil. Além do sistema de engate, elas têm adequação postural. Três cadeiras simples, como as que são fornecidas pelos SUS, custariam juntas R$ 3,3 mil.

FINANCIAMENTO
O Ministério da Saúde afirma que o atendimento personalizado às pessoas com deficiências já está em estudo na pasta, mas que ainda não há uma previsão de quando será implantado.
Outro problema que a AACD diz enfrentar é o de financiamento para pesquisas com cadeiras e próteses nacionais de maior qualidade para as pessoas com deficiências.
Um exemplo são as próteses miolétricas, que podem ser comandadas pelo próprio sistema nervoso do paciente.
Há modelos sendo desenvolvidos e testados no Brasil, mas ainda em pequena escala. Já as importadas são muito caras e inacessíveis para a maior parte da população.
Uma dificuldade é que órgãos de financiamento exigem das entidades as mesmas garantias que pedem a empresas de grande porte.


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