|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LEI
Emenda transfere a competência para expulsar policiais militares da Justiça Militar para governadores
Governo quer tirar privilégio de PMs
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
O secretário de Estado dos Direitos Humanos, José Gregori, vai
entregar ao presidente Fernando
Henrique Cardoso proposta de
emenda constitucional que transfere a competência para expulsar
PMs da Justiça Militar para os governadores de Estado.
Hoje o artigo 125, parágrafo 4º,
da Constituição Federal garante
aos oficiais da Polícia Militar ser
investigados por Conselhos de
Justificação.
A decisão sobre perda de posto
ou patente -demissão, na prática- é do Tribunal de Justiça Militar. Já a deliberação sobre a expulsão de praças cabe ao comandante da corporação.
Portanto, pela legislação atual,
PMs são os únicos funcionários
públicos estaduais que não podem ser demitidos por ato do governador.
A emenda será realizada pela
Secretaria de Estado dos Direitos
Humanos em conjunto com o Fórum Nacional de Ouvidores de
Polícia.
Gregori recebeu ontem em São
Paulo do ouvidor da Polícia de
São Paulo e coordenador do fórum, Benedito Domingos Mariano, levantamento recente da Ouvidoria paulista que mostra que,
em 28 anos, 28 oficiais da PM
-entre eles, apenas um coronel- perderam posto ou patente.
Esse período, de 1971 até 13 de
julho deste ano, compreende quase a totalidade da existência da
Polícia Militar de São Paulo, que
foi fundada em 1970.
"A pesquisa mostra que existe
um simulacro decorativo no mecanismo de expulsão na PM. No
caso paulista, a demissão de apenas uma coronel em 28 anos revela que o órgão disciplinar responsável pelas punições tem problemas", disse o secretário.
"Queremos criar um dispositivo de punição disciplinar que irá
transferir da Justiça Militar para
os governadores de Estado a responsabilidade sobre a perda de
posto e patente de policiais militares", afirmou Gregori.
Corregedorias
Além da transferência de competência para expulsar policiais,
Benedito Mariano defende a criação de carreira própria para os
policiais que forem trabalhar nos
órgãos corregedores, como forma
de aumentar as chances de punição de policiais infratores.
"Atualmente, a decisão de punir
um oficial é de um grupo de oficiais do Tribunal de Justiça Militar. O Estado precisa investir em
um órgão corregedor forte e autônomo para acabar com a impunidade", disse o ouvidor.
Além da mudança do sistema
de punição na Polícia Militar,
Gregori defende que não só os homicídios, mas outros crimes cometidos por PMs, sejam julgados
pela Justiça comum.
Texto Anterior: Governos devem agir de forma coordenada Próximo Texto: Bebê de oito meses morre em elevador Índice
|