São Paulo, sexta-feira, 04 de outubro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LIXO

Projeto de separação de resíduos já funciona em 18 locais em Pinheiros e no Butantã; coleta seletiva aumentou 150%

SP aposta em feiras para ampliar reciclagem

DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a coleta seletiva de porta em porta não vem, os moradores da cidade de São Paulo têm a oportunidade de começar a "treinar", levando seu materiais recicláveis para uma das 18 feiras livres nos distritos de Pinheiros e Butantã (zona oeste da capital), onde a prefeitura já implantou o programa Reciclagem na Feira.
Iniciado em julho, os resultados já são animadores: em pouco mais de dois meses, a coleta seletiva oficial passou de quatro para dez toneladas diárias de recicláveis (150% a mais).
O projeto é uma aposta do município para ampliar o reaproveitamento do lixo, reduzir o volume que vai para os aterros sanitários e melhorar a qualidade do composto produzido a partir dos resíduos orgânicos nas usinas de compostagem. De quebra, mantém a higiene das feiras e facilita a limpeza final das ruas onde elas ocorrem.
Embora ainda atinja só 1,9% das feiras da capital (são 950 no total) e ainda conte com a participação efetiva apenas dos próprios feirantes, a idéia já apresenta resultados promissores, diz Luciano Legaspe, chefe do Núcleo de Resíduos Orgânicos do Limpurb (Departamento de Limpeza Urbana).
Por isso a meta é ampliar o projeto. Até o fim de outubro serão incluídas mais 12 feiras na Sé (centro), e Legaspe afirma estar estudando uma forma de introduzir a coleta seletiva em pelo menos metade dos contratos de limpeza de feiras da prefeitura. Tudo isso sem gastar nada a mais.
O material separado é recolhido, durante todo o dia, em grandes sacolas de ráfia (a maior parte delas doadas por empresas de construção civil), com capacidade para mil litros cada. Uma recebe só madeira, cascas de coco e palha; outra é reservada ao material orgânico; e uma terceira recolhe os demais produtos recicláveis (papel, plástico, vidro e metais).
Tudo é levado para a usina de Vila Leopoldina, na Lapa (zona oeste), onde o resíduo orgânico vira composto e os demais são encaminhados para os aterros ou vendidos para empresas recicladoras. Outra proposta para os restos de alimentos é usá-los para alimentar os animais nos parques.

Na prática
O projeto da prefeitura ganhou o apoio do sindicato dos feirantes, o que reflete a aprovação nas próprias feiras. "A separação do lixo tem funcionado muito bem e é ótima porque a rua fica mais limpa", diz Eduardo Amaro Araújo, 33, que vende frutas na praça Benedito Calixto, em Pinheiros, primeira a ter a coleta seletiva.
Ainda não conseguiu, porém, sensibilizar os consumidores. Terça-feira passada, de manhã, na Benedito Calixto, a participação dos clientes era nula. O principal motivo: falta de informação.
"Eu acho a idéia ótima para a feira, mas não sabia que poderia trazer também o meu lixo", disse a aposentada Maria das Graças Leme, 75. "Quem sabe na próxima semana", completou.
Segundo o Limpurb, no mês de setembro (até dia 25), a média de material reciclável entregue pelos frequentadores foi de 239 kg de resíduos por feira (ou 4,3 t por semana) -o que representa só 12% de tudo o que é recolhido.
(MARIANA VIVEIROS)


Texto Anterior: Há 50 anos
Próximo Texto: Lixo eleitoral será reutilizado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.