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AMBIENTE
Área verde, que completou 65 anos, faz amanhã 18 de tombamento
Aclimação celebra datas de seu parque
MAYRA STACHUK
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Amanhã, o parque da Aclimação, na zona sul de São Paulo,
completa 18 anos de seu tombamento, que o integrou ao patrimônio histórico do Estado. No último sábado, houve a comemoração dos 65 anos de sua criação.
Antes de ser parque, a área era
privada, criada pelo médico Carlos José Botelho. Inspirado no
modelo parisiense Jardin d'Acclimation, o espaço era destinado à
criação e aclimatação de gado.
A utilização pelo público começou em 1900 e, na década de 20, já
tinha um grande número de freqüentadores que lá praticavam
atividades como remo e natação.
Em 1939, na gestão de Prestes
Maia, a área foi adquirida pela
prefeitura. Segundo registro da
arquiteta Rosa Grena Kliass no livro "Parques Urbanos de São
Paulo", após a compra, ficou em
estado letárgico até 1955, quando
a reforma, que construiu a concha
acústica e colocou iluminação,
voltou a atrair a população.
Segundo o professor de paisagismo Silvio Macedo, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da USP, o parque da Aclimação
vai além dos papéis fundamentais
das áreas verdes urbanas (espaço
de lazer e preservação de reservas
naturais). "Ele cumpre a função
das praças, ausentes naquela região. É um ponto de encontro, referência do bairro", diz Macedo,
autor do livro "Parques Urbanos
no Brasil". "O Aclimação tem como diferencial o perfil romântico.
Ele mantém o charme, mesmo
tendo sido modernizado."
Hoje, passam pelo parque durante a semana cerca de 1.500 pessoas por dia, segundo a administração. Nos fins de semana e feriados, esse número chega a 5.000.
A aposentada Maria da Glória
Garcia Coelho, 68, que mora no
bairro há 40 anos, diz que caminha no parque todas as manhãs.
"É um lugar muito agradável, a
principal área verde que temos.
Me sinto em paz aqui."
O autônomo Mario Cesar Leite,
36, costuma correr à tarde. "É difícil respirar ar puro na Aclimação.
Se não fosse esse parque, eu teria
de pegar o carro e ir para áreas
verdes mais distantes."
Há oito anos, o músico Elias
Muniz da Silva, 52, enche as manhãs do parque da Aclimação
com os sons de jazz e blues que ele
tira do seu velho trompete, da
marca Cohn.
Para ele, a prática não passa de
um exercício de repasse das notas.
"Fico três, quatro horas treinando, no meio das árvores. No final,
o som está vibrante e harmonioso. É um momento intimista, nem
sinto a presença das pessoas."
Mas, na opinião de alguns dos
freqüentadores do parque, os
acordes do trompetista já viraram
parte do espaço público.
"Sinto falta quando não ouço o
som", diz a aposentada Ana Clara
Guimarães, 65, que diz ter mudado o horário da sua caminhada só
para coincidir com o momento
em que o músico está no parque.
"É muito melhor caminhar ouvindo um jazz ou um blues, mesmo que, às vezes, haja bastante interrupção", diz Ana, referindo-se
às paradas que os músico dá entre
um exercício e outro.
Carioca de Niterói, onde tocava
na banda municipal, Silva está há
15 anos em São Paulo. Vive das
aulas de música que ministra e
das apresentações que faz em festas e igrejas evangélicas.
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