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Feirante gasta R$ 800 por mês para alimentar gatos
DA REPORTAGEM LOCAL
Toda noite, a feirante Satiko
Motoie Simmio, 56, vai ao parque
Tenente Siqueira Campos, o Trianon, na av. Paulista (zona oeste de
SP), alimentar os gatos que vivem
no local -cerca de 25, diz ela. O
ritual dura 15 anos, apesar das críticas dos que acham que atitudes
como a dela estimulam o abandono de animais em parques. "Muitos falam que não posso colocar
alimento, ameaçam chamar o
Centro de Controle de Zoonoses.
Aprendi a não me incomodar,
não sou eu quem vai matá-los.
Agindo assim, sinto-me útil."
A feirante resolveu que iria alimentar animais abandonados
quando ainda era criança. "Decidi
que, quando começasse a trabalhar, dedicaria os primeiros 15
anos a ajudar pessoas, especialmente crianças, e fiz isso, com
doações e trabalho voluntário.
Depois, iria ajudar os animais. E é
isso que estou fazendo", diz a feirante, que costuma gastar R$ 800
por mês em ração e remédios.
Na comida dos gatos, ela inclui
anticoncepcional e antibióticos,
de modo a evitar que eles adoeçam e se reproduzam. Devido a
esses cuidados, diz que os bichos
não representam nenhum problema aos usuários do parque.
Nem todos, porém, possuem a
mesma opinião. "Principalmente
para quem tem criança, a presença desses animais é um incômodo", afirma a dentista Ana Maria
Dezordi, 59, que no sábado passeava com a família no parque da
Aclimação (zona sul). Enquanto
seu neto brincava no parquinho,
ela reclamava do cheiro da areia.
"Com certeza tem gato andando
por aqui à noite. Minha neta chegou a ficar doente por brincar em
areia contaminada em parques."
A pesquisadora Patrícia Pena,
39, teve um problema parecido.
"Minha filha pegou uma dermatite em um parque, a sola do pé descascou toda. O médico disse que
era uma contaminação por fezes
de gatos", afirma.
Mas a feirante Satiko também
tem apoiadores, como a operária
Ana Cristina Borba, 37. "Sem dúvida a gente tem que alimentá-los.
Não posso ver animal com cara de
fome por perto. Morro de dó."
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