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Estado prevê criação de anel hidroviário pelo rio Tietê
Licitação para estudar a viabilidade de Hidroanel Metropolitano já foi lançada
Projeto, com custo estimado de R$ 2 bilhões, inclui o rio Pinheiros e represas Billings e Guarapiranga para transporte de cargas e passageiros
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo do Estado tirou da
gaveta um projeto que pretende transformar o poluído e
malcheiroso rio Tietê em uma
via navegável repleta de barcos
e balsas para o transporte de
passageiros e cargas.
A ligação do Tietê ao Pinheiros e às represas Billings e Guarapiranga (zona sul de São Paulo) formaria o Hidroanel Metropolitano de São Paulo, um
plano ambicioso, para mais de
uma década, já estimado em
cerca de R$ 2 bilhões.
O primeiro passo foi dado na
semana passada, com a abertura da licitação, de R$ 1,7 milhão,
para contratar estudos da viabilidade técnica, econômica e
ambiental do hidroanel.
Para o governo, a conclusão
da ampliação da calha do Tietê
e o andamento de programas
de despoluição desse rio e do
Pinheiros abrem a possibilidade de se pensar no transporte
de passageiros. Hoje, o Tietê
tem 41 km navegáveis, entre
Santana de Parnaíba e a barragem da Penha, em São Paulo. A
Penha ganhará uma eclusa, que
estenderá o percurso em mais
14 km, até São Miguel Paulista.
Na outra ponta, zona oeste de
São Paulo, o plano integra mais
25 km do Pinheiros, o que exigirá transposições no Retiro e
na barragem da Traição. Há
previsão ainda de incorporar a
Billings, com mais 30 km, e depois a região do reservatório
Taiaçupeba, via canal artificial.
Além do transporte fluvial de
passageiros, serviço que já tem
interesse de ao menos uma empresa de ônibus de São Paulo, o
governo pretende atrair para o
hidroanel o transporte de lixo
urbano, de produtos hortifrutigranjeiros movimentados na
Ceasa, de areia para construção
civil e do lodo que a Sabesp retira de estações de tratamento.
Ramal de cargas
Transportar pessoas pelos
rios Tietê e Pinheiros tem um
obstáculo muito reconhecido
pelos paulistanos: o cheiro.
É uma opinião compartilhada pelos engenheiros Rui Carlos Botter, professor titular de
Transportes e Logística da
USP, e Dario Rais Lopes, ex-secretário de Estado dos Transportes de São Paulo e atualmente consultor privado.
"É possível montar uma infraestrutura eficiente, mas o
maior obstáculo é o cheiro do
rio. Em 2007, tentei fazer uma
visita ao Tietê com um grupo
durante um congresso internacional, mas não deu. Ninguém
suportaria", afirma Botter.
Para se tornar viável, os barcos de passageiros exigem uma
velocidade competitiva com a
dos trens e ônibus. "Depende
muito de rapidez, mas, como
percorre as marginais, que são
lentas, pode ser possível. E, no
futuro, caberia uma exploração
turística", diz o professor.
Dario Rais afirma que a proposta, "à primeira vista, não parece ortodoxa. Só que São Paulo, do jeito que as coisas estão,
não pode ser descartar nenhum
tipo de meio de transporte".
Segundo Rais, só com uma
integração entre diversos
meios é que a estrutura urbana
da cidade avançará. "Com uma
melhor capacidade de transporte, podemos pensar em não
tapar ainda mais a marginal,
como está sendo feito hoje."
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