São Paulo, Quinta-feira, 04 de Novembro de 1999
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Grupo planejava sequestrar autoridades

do enviado especial

A polícia de Goiás descobriu que os líderes dos rebelados na Casa de Prisão Provisória haviam programado três planos de fuga. O mais audacioso deles arquitetava o sequestro de alguma autoridade ou de familiares de integrantes do Ministério Público e dos Poderes Judiciário e Executivo, além dos diretores da CPP.
Foi interceptada, segundo a Folha apurou, uma carta do líder dos rebelados, Osmar Martins, 35, a um comparsa em Minas Gerais, com planos para a fuga. A polícia não revela o nome nem como foi obtida a carta.
Martins -preso após liderar os sequestradores do cantor Wellington de Camargo, irmão da dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano-, queria usar o sequestro como "moeda de troca".
O principal alvo seria o filho do juiz Fábio Campos Faria, da 9ª Vara Criminal de Goiás, responsável pelo julgamento da maioria dos sequestradores de Wellington de Camargo. O juiz não quis comentar o caso ontem.
Os líderes da rebelião querem fugir antes de a condenação pelo sequestro ser definida pelo juiz, o que, segundo a reportagem apurou, deve ocorrer até o início da próxima semana.
As vítimas em potencial foram orientadas a mudar a rotina diária e a andar com seguranças.
Os outros dois planos do grupo, segundo a carta de Martins: 1) uma fuga pelo portão principal ou pulando as cercas, que foi tentada no dia 14 de outubro e na segunda-feira; 2) um resgate aéreo por helicóptero no pátio interno da unidade 3, onde os líderes da rebelião estão detidos.

Armas e munição
A atual rebelião começou depois que Martins conseguiu fazer com que três armas entrassem na CPP. A polícia prendeu dois vigilantes penitenciários que confessaram ter burlado a segurança e entraram com as armas.
Arnaldo Rodrigues da Silva -que trabalhava na CPP havia dois anos, sem mancha na ficha- ganhou R$ 2.000 para entregar dois revólveres 38 e duas caixas de munição. Fabiano Cândido Barbosa recebeu mais R$ 3.000 por uma pistola 380. O salário mensal deles é de R$ 360.
Os sequestradores queriam fugir antes de o juiz pronunciar a sentença, porque esse fato faz com que eles sejam transferidos para o Cepaigo, presídio de segurança máxima ao lado da CPP, de onde a fuga será mais difícil.
Segundo a Folha apurou, o juiz Fábio Faria recebeu ontem a alegação final da defesa dos sequestradores, o que só agora o habilita a proferir a sentença do sequestro. A defesa dos sequestradores usou todos os prazos legais possíveis para protelar o julgamento nos últimos sete meses.


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