|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE /SONO
Dormir bem ajuda a evitar problemas de coração
Pesquisa inglesa aponta que redução das horas de sono aumenta a chance de morrer
Para médico do InCor, a privação do sono tem efeitos indesejáveis e
pode facilitar a ocorrência de doença coronariana
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Dormir pouco para aproveitar o dia ou fazer todas as atividades do cotidiano pode ser perigoso e trazer problemas mais graves que a simples lentidão
de raciocínio e a falta de atenção. Uma boa noite de sono é
importante para manter o coração saudável, e a falta dele pode colaborar para o desenvolvimento de problemas cardíacos.
É o que concluiu uma pesquisa recente feita por cientistas
de universidades inglesas.
Eles mostraram que adultos
que dormiam em torno de sete
horas por noite e passaram a
dormir cinco ou menos tiveram
70% mais chances de morrer,
de 11 a 17 anos depois, em relação aos que continuaram dormindo sete horas. Já o risco de
o motivo da morte ser um problema do coração foi o dobro.
Isso significa que é importante encontrar tempo para
dormir o necessário para evitar
problemas a longo prazo.
Para Luciano Drager, médico
que estuda a relação entre sono
e sistema cardiovascular no InCor (Instituto do Coração), há
evidências de que a privação do
sono promove efeitos indesejáveis ao coração e compromete o
endotélio -camada mais interna das artérias. Isso contribui
para diminuir a capacidade de
dilatação das artérias, facilitando a ocorrência de pressão alta
e doença coronariana.
"O sono é um período de relativo repouso para o sistema
cardiovascular. Em média, há
uma queda da pressão e da freqüência cardíaca de 10% em relação ao período de vigília
[quando se está acordado]", diz
Drager. Ele destaca que o sono
é importante não apenas para
estar bem no dia seguinte mas
também para a integridade do
sistema cardiovascular.
Na medida
Nem de mais nem de menos.
A pesquisa conclui que dormir
em média sete horas por noite é
"ótimo para a saúde" em termos de prevenção. Isso porque,
além dos efeitos maléficos da
privação de sono, o aumento
da necessidade de horas dormindo também pode significar
problemas.
Segundo Franceso Cappuccio, um dos pesquisadores, pessoas que dormem em média sete horas e têm a necessidade de
sono aumentada podem estar
também com outras doenças,
como a depressão. Por isso,
quem vira dorminhoco da noite
para o dia deve ficar atento ao
aparecimento de sintomas.
O consenso entre os médicos,
porém, é que cada pessoa tem
seu próprio "reloginho", uma
necessidade própria de horas
de sono. E que mais do que a
quantidade vale a qualidade.
A neurologista do Instituto
do Sono Anna Karla Alves
Smith diz que pode ser melhor
para a saúde dormir bem durante cinco horas do que mais
tempo de forma interrompida.
Ela diz que a média de horas
necessárias também varia com
a idade. "Uma criança pequena,
por exemplo, que está em crescimento e produz hormônios
próprios da idade, costuma
dormir de oito a dez horas."
Já o sono dos idosos costuma
ter menor qualidade, com menor período para o sono profundo porque têm maior tendência a acordar mais vezes durante a noite. Isso pode estar
associado ao próprio metabolismo dos idosos e ser natural
do relógio biológico mas também ao aparecimento de outras
doenças que fazem, por exemplo, que ele urine muito durante a noite.
Segundo Anna Karla, eles
têm uma tendência a dormir
mais cedo, mas devem tomar
cuidado porque assim acordarão também muito cedo e, com
o tempo, podem ficar com o sono desregulado.
Estudo
A pesquisa feita na Inglaterra
e aceita para publicação na revista "Sleep" analisou os hábitos do sono de 10.308 funcionários públicos com três medições em um período de 17 anos.
Ela é uma das recentes evidências sobre a importância do
sono para o coração. Outras
mostraram que dormir pouco
pode facilitar o ganho de peso e
o desenvolvimento do diabetes
tipo 2 e da hipertensão.
Em fevereiro deste ano, outro estudo que acompanhou 23
mil adultos gregos mostrou que
aqueles que dormiam meia hora após o almoço tinham 37%
menos chances de morrer por
um problema do coração.
Colaborou ALESSANDRA BALLES , da Redação
Texto Anterior: Empreendedor social: Folha promove debate sobre educação na entrega do prêmio Próximo Texto: Sono faz bem para o coração Índice
|