|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Crise em universidade afeta 4 hospitais no Rio Grande do Sul
Bloqueio das contas bancárias faz Ulbra atrasar salários de seus funcionários
GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Atrasos nos salários de funcionários da Ulbra (Universidade Luterana do Brasil) deixaram em situação crítica quatro
hospitais geridos pela instituição no Rio Grande do Sul. O
atendimento está restrito a
emergências, cirurgias eletivas
foram canceladas e UTIs estão
se esvaziando à medida que os
pacientes são transferidos.
"Pode haver um colapso. O
número de pacientes atendidos
diminuiu e as cirurgias estão
sendo remarcadas para o dia de
"São Nunca". Os médicos ainda
não receberam os meses de setembro e outubro", relata Paulo Argolo, presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Sul.
Pelas contas do sindicato, só
estão ocupados 15% dos 500
leitos que a Ulbra tem em dois
hospitais de Porto Alegre, um
em Canoas (região metropolitana) e outro em Tramandaí (litoral norte). A Ulbra não divulgou os dados, mas a estimativa
dos médicos é que pelo menos
mil pessoas deixem de receber
atendimento diariamente pelo
SUS (Sistema Único de Saúde).
A crise nos hospitais, que se
tornou mais aguda nos últimos
dez dias, é resultado de sucessivos problemas de caixa, que começaram em agosto, depois
que houve bloqueio das contas
bancárias da Ulbra para pagamento de dívidas com a União e
com fornecedores.
O maior débito da Celsp (Comunidade Evangélica Luterana
São Paulo), mantenedora da
universidade, é com a Receita
Federal -cerca de R$ 2 bilhões
em impostos atrasados. A dívida está sendo contestada.
Sem dinheiro para honrar os
compromissos, parte dos funcionários parou de trabalhar e
os pagamentos de salários estão saindo graças a ações judiciais movidas por sindicatos.
Ontem, a governadora Yeda
Crusius (PSDB) prometeu aos
médicos recursos para manter
os hospitais funcionando.
"Estamos buscando uma solução compartilhada, com recursos do Estado e das prefeituras. Estamos fazendo isso em
Tramandaí, hospital onde a demanda cresce muito no verão",
disse ontem o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra.
O secretário deve se reunir
com o reitor da instituição, Ruben Becker, para discutir a situação dos outros hospitais.
Becker não atendeu ao pedido de entrevista da Folha. Sua
assessoria informou que ele
"não concede entrevistas". A
universidade informou que os
pró-reitores não responderiam
a perguntas sobre a crise.
Texto Anterior: Mato Grosso: Assassino de pró-reitora é condenado Próximo Texto: Cotia: Polícia Civil investiga morte de porteiro preso Índice
|