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Médicos que tiveram contato com africano são examinados
Ministério da Saúde monitora profissionais que atenderam vítima de febre hemorrágica
Contaminação de empresário pode ter ocorrido em clínica de Johannesburgo, onde morreu agente de viagens contaminada pelo arenavírus
ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO
O Ministério da Saúde divulgou ontem à noite que identificou, juntamente com as secretarias Estadual e Municipal de
Saúde do Rio, 65 pessoas que
podem ter mantido contato
com o empresário sul-africano
morto na terça-feira vítima de
febre hemorrágica.
De acordo com o ministério,
ele foi possivelmente contaminado na África do Sul por um
arenavírus, transmitido por
contato direto com secreções
de roedores ou de pacientes infectados. O resultado preliminar dos exames que estão sendo realizados pela Fiocruz
(Fundação Oswaldo Cruz) sai
na próxima semana.
As pessoas estão sendo monitoradas com duas verificações diárias de temperatura,
além de procedimentos como
coleta de sangue. Médicos e enfermeiros, que continuam trabalhando, são os mais visados.
Segundo informações do ministério, o sul-africano de 53
anos (que não teve a identidade
divulgada) chegou ao Brasil no
último dia 23 e apresentou os
primeiros sintomas dois dias
depois. No dia 28, ele procurou
o hospital Barra D'Or "com
quadro clínico de febre, calafrios, vômito, sangue na urina,
aumento do fígado e pequenas
erupções na pele". Ele foi internado no dia seguinte, de madrugada, na Casa de Saúde São
José, onde morreu anteontem.
Durante a internação, havia a
suspeita de que ele estivesse
contaminado pelo vírus Ebola.
O ministério descartou essa
possibilidade, bem como de
dengue e malária, tendo como
principal hipótese infecção por
arenavírus, além de leptospirose, hantavirose e hepatite.
Contágio
De acordo com o infectologista José Cerbino Neto, da
Fiocruz, o contágio só ocorre
em caso de contato direto com
secreções de ratos ou humanos
infectados, como vômito, sangue ou urina. Segundo ele, a
transmissão entre humanos é
mais difícil do que do rato para
o homem.
"Não há motivo para alarme.
E o contágio só ocorre na fase
em que os sintomas já se manifestaram", disse Neto, para
quem a doença "não tem comportamento de epidemia". Os
sintomas aparecem de dois a 21
dias após o contágio. Há pessoas que não desenvolvem a
doença, mesmo tendo contato
com o vírus.
O ministério informou que
"na África do Sul, onde houve
cinco casos semelhantes ao do
paciente que morreu no Rio,
121 pessoas foram monitoradas
sem necessidade de quarentena e nenhuma apresentou sintomas de febre hemorrágica".
A principal suspeita é de que
o sul-africano tenha sido contaminado na Clínica Morningside, em Johannesburgo, onde
morreu a agente de viagens Cecilia van Deventer, contaminada por arenavírus.
Suspeita-se que três profissionais de saúde que morreram
com os mesmos sintomas tenham contraído a doença de
Cecilia; outra pessoa foi contaminada, mas teve os efeitos da
doença controlados. O sul-africano se submeteu a uma operação no ombro na mesma clínica, segundo Cerbino Neto.
O corpo do empresário estava, até a conclusão desta edição,
num caixão de zinco lacrado no
necrotério da Casa de Saúde
São José, em sala vedada. Autoridades diplomáticas e sanitárias viabilizavam os trâmites
para o translado do corpo para
a África do Sul.
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