São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2008

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Médicos que tiveram contato com africano são examinados

Ministério da Saúde monitora profissionais que atenderam vítima de febre hemorrágica

Contaminação de empresário pode ter ocorrido em clínica de Johannesburgo, onde morreu agente de viagens contaminada pelo arenavírus

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

O Ministério da Saúde divulgou ontem à noite que identificou, juntamente com as secretarias Estadual e Municipal de Saúde do Rio, 65 pessoas que podem ter mantido contato com o empresário sul-africano morto na terça-feira vítima de febre hemorrágica.
De acordo com o ministério, ele foi possivelmente contaminado na África do Sul por um arenavírus, transmitido por contato direto com secreções de roedores ou de pacientes infectados. O resultado preliminar dos exames que estão sendo realizados pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) sai na próxima semana.
As pessoas estão sendo monitoradas com duas verificações diárias de temperatura, além de procedimentos como coleta de sangue. Médicos e enfermeiros, que continuam trabalhando, são os mais visados.
Segundo informações do ministério, o sul-africano de 53 anos (que não teve a identidade divulgada) chegou ao Brasil no último dia 23 e apresentou os primeiros sintomas dois dias depois. No dia 28, ele procurou o hospital Barra D'Or "com quadro clínico de febre, calafrios, vômito, sangue na urina, aumento do fígado e pequenas erupções na pele". Ele foi internado no dia seguinte, de madrugada, na Casa de Saúde São José, onde morreu anteontem.
Durante a internação, havia a suspeita de que ele estivesse contaminado pelo vírus Ebola. O ministério descartou essa possibilidade, bem como de dengue e malária, tendo como principal hipótese infecção por arenavírus, além de leptospirose, hantavirose e hepatite.

Contágio
De acordo com o infectologista José Cerbino Neto, da Fiocruz, o contágio só ocorre em caso de contato direto com secreções de ratos ou humanos infectados, como vômito, sangue ou urina. Segundo ele, a transmissão entre humanos é mais difícil do que do rato para o homem.
"Não há motivo para alarme. E o contágio só ocorre na fase em que os sintomas já se manifestaram", disse Neto, para quem a doença "não tem comportamento de epidemia". Os sintomas aparecem de dois a 21 dias após o contágio. Há pessoas que não desenvolvem a doença, mesmo tendo contato com o vírus.
O ministério informou que "na África do Sul, onde houve cinco casos semelhantes ao do paciente que morreu no Rio, 121 pessoas foram monitoradas sem necessidade de quarentena e nenhuma apresentou sintomas de febre hemorrágica".
A principal suspeita é de que o sul-africano tenha sido contaminado na Clínica Morningside, em Johannesburgo, onde morreu a agente de viagens Cecilia van Deventer, contaminada por arenavírus.
Suspeita-se que três profissionais de saúde que morreram com os mesmos sintomas tenham contraído a doença de Cecilia; outra pessoa foi contaminada, mas teve os efeitos da doença controlados. O sul-africano se submeteu a uma operação no ombro na mesma clínica, segundo Cerbino Neto.
O corpo do empresário estava, até a conclusão desta edição, num caixão de zinco lacrado no necrotério da Casa de Saúde São José, em sala vedada. Autoridades diplomáticas e sanitárias viabilizavam os trâmites para o translado do corpo para a África do Sul.


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