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Tráfico usa menina para transportar fuzil
Com uniforme escolar, garota foi abordada por PMs em ponto de ônibus em Copacabana; arma é semelhante à usada pela Força Nacional
Ela disse ter sido obrigada a carregar fuzil, mas versão está sob apuração; 2 homens ao lado dela foram presos por suspeita de integrar tráfico
RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO
Ladeada por dois homens no
banco de um ponto de ônibus
na esquina da avenida Nossa
Senhora de Copacabana com
Sá Ferreira, perto das favelas
do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, uma menina de 15 anos,
vestindo uniforme escolar, carregava um fuzil calibre 5.56
mm na bolsa, e 19 munições.
Policiais abordaram os três
porque um cabo estranhou seu
aparente nervosismo e o fato de
a menina estar uniformizada,
fora da escola, às 10h40. Os homens foram presos.
Um dos homens ao lado da
menina estava de camisa vermelha, cor-símbolo da facção
criminosa Comando Vermelho, que dominava a área até o
complexo ser ocupado pela Polícia Militar, segunda-feira. A
intenção é instalar uma UPP
(Unidade de Polícia Pacificadora) no local. Houve tiroteios e
queima de ônibus na região.
O cabo contou ter desconfiado de um dos homens porque
ele falava coisas sem sentido,
não olhava para ninguém e a
menina aparentava nervosismo. "Está tudo bem?", perguntou o cabo Renato Vidal. Afastada dos rapazes, mantidos sob
observação por dois recrutas
em treinamento, ela inicialmente disse que a bolsa seria
entregue a uma amiga. Em seguida, ficou desesperada. "Não
tenho nada com isso, não quero
ir presa, a bolsa não é minha!
Fui obrigada [a segurar o fuzil]", disse, segundo o PM.
Aberta a bolsa branca, o policial encontrou o fuzil, que pesa
cerca de 3,4 kg e tem 60 cm de
comprimento. É semelhante à
arma usada pela Força Nacional de Segurança.
A menina afirmou que o fuzil
seria levado para a favela da
Chatuba, na Penha (zona norte). Segundo a delegada Monique Vidal, que apura o caso, um
dos presos disse que ela tem um
namorado na Chatuba.
A polícia considera possível
que outras armas tenham deixado o morro em carrinhos de
bebês ou usando idosos.
O comandante do 19º Batalhão da PM, tenente-coronel
Rogério Seabra, diz que está
sendo investigado se a garota
foi de fato obrigada a carregar a
arma. "Várias meninas se prostituem e servem como "mulas"
para tirar armas da comunidade. Foram mulheres que deram
a ordem para fechar o comércio, no início da ocupação."
Policiais também apreenderam ontem, na mata que ronda
as comunidades de Copacabana, oito granadas, duas submetralhadoras, uma pistola 9mm,
carregadores e munições.
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