São Paulo, sexta-feira, 04 de dezembro de 2009

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Tráfico usa menina para transportar fuzil

Com uniforme escolar, garota foi abordada por PMs em ponto de ônibus em Copacabana; arma é semelhante à usada pela Força Nacional

Ela disse ter sido obrigada a carregar fuzil, mas versão está sob apuração; 2 homens ao lado dela foram presos por suspeita de integrar tráfico

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Ladeada por dois homens no banco de um ponto de ônibus na esquina da avenida Nossa Senhora de Copacabana com Sá Ferreira, perto das favelas do Cantagalo e Pavão-Pavãozinho, uma menina de 15 anos, vestindo uniforme escolar, carregava um fuzil calibre 5.56 mm na bolsa, e 19 munições.
Policiais abordaram os três porque um cabo estranhou seu aparente nervosismo e o fato de a menina estar uniformizada, fora da escola, às 10h40. Os homens foram presos.
Um dos homens ao lado da menina estava de camisa vermelha, cor-símbolo da facção criminosa Comando Vermelho, que dominava a área até o complexo ser ocupado pela Polícia Militar, segunda-feira. A intenção é instalar uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) no local. Houve tiroteios e queima de ônibus na região.
O cabo contou ter desconfiado de um dos homens porque ele falava coisas sem sentido, não olhava para ninguém e a menina aparentava nervosismo. "Está tudo bem?", perguntou o cabo Renato Vidal. Afastada dos rapazes, mantidos sob observação por dois recrutas em treinamento, ela inicialmente disse que a bolsa seria entregue a uma amiga. Em seguida, ficou desesperada. "Não tenho nada com isso, não quero ir presa, a bolsa não é minha! Fui obrigada [a segurar o fuzil]", disse, segundo o PM.
Aberta a bolsa branca, o policial encontrou o fuzil, que pesa cerca de 3,4 kg e tem 60 cm de comprimento. É semelhante à arma usada pela Força Nacional de Segurança.
A menina afirmou que o fuzil seria levado para a favela da Chatuba, na Penha (zona norte). Segundo a delegada Monique Vidal, que apura o caso, um dos presos disse que ela tem um namorado na Chatuba.
A polícia considera possível que outras armas tenham deixado o morro em carrinhos de bebês ou usando idosos.
O comandante do 19º Batalhão da PM, tenente-coronel Rogério Seabra, diz que está sendo investigado se a garota foi de fato obrigada a carregar a arma. "Várias meninas se prostituem e servem como "mulas" para tirar armas da comunidade. Foram mulheres que deram a ordem para fechar o comércio, no início da ocupação."
Policiais também apreenderam ontem, na mata que ronda as comunidades de Copacabana, oito granadas, duas submetralhadoras, uma pistola 9mm, carregadores e munições.


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