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ENTREVISTA
Antidepressivo é testado em "normal"
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
O IPq (Instituto de Psiquiatria)
do Hospital das Clínicas de São
Paulo retomou uma pesquisa
com doses baixas do antidepressivo clomipramina em pessoas
"normais". O estudo, pioneiro no
mundo, causou uma corrida de
interessados há cerca de seis anos.
Em 1996, apenas dez voluntários foram recrutados e todos relataram melhora em suas vidas no
período em que tomaram a droga, diz a psicofarmacologista Clarice Gorenstein, 51. Os interessados devem ter entre 21 e 50 anos,
não ter diagnóstico psiquiátrico
ou doença, ter o primeiro grau
completo e morar em São Paulo.
Informações: 0/xx/11/ 3069-6978.
Folha - De onde surgiu a idéia?
Clarice Gorenstein - Em 1985 foi
feito um estudo sobre síndrome
do pânico com a aplicação do antidepressivo aqui no Brasil. As
pessoas se sentiam melhor do que
já tinham se sentido. Como ele estaria fazendo a regulação emocional de forma que essas pessoas
passassem a "funcionar" melhor?
Se fôssemos testar em pessoas
doentes, poderia haver interferência. Elas poderiam estar melhorando dos sintomas e por isso
estarem melhores em tudo. Então
testamos em normais.
Folha - Qual foi o resultado?
Clarice - Foi muito difícil encontrar voluntários. Mas os resultados foram consistentes. Eles tinham menor ansiedade, menor
irritabilidade, mais concentração.
Folha - O que será investigado
agora?
Clarice - Verificaremos se há
efeito sobre o poder de decisão,
personalidade, grau de tolerância,
sono e apetite.
Folha - O medicamento poderá
ser indicado para pessoas que não
têm doença psiquiátrica ?
Clarice - Nosso objetivo não é esse. Não se trata também de descobrir a droga da felicidade, mas sim
de estudar os mecanismos de regulação emocional que podem vir
a ser úteis para pessoas que realmente precisem do remédio.
Existem trabalhos na área de genética que identificam as pessoas
mais predispostas [às doenças
psiquiátricas]. Talvez para elas
possa haver aplicação. Mas é precipitado pensar nisso.
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