São Paulo, segunda-feira, 05 de janeiro de 2004

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TRÂNSITO

Derrubada de poste foi único incidente ontem, no início do bloqueio de vias; efeito no tráfego será sentido com fim do feriado

Desvios da Rebouças passam por teste hoje

Juca Varella/Folha Imagem
Vista aérea do cruzamento das avenidas Rebouças e Faria Lima


ISABELLE MOREIRA LIMA
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

O novo plano de tráfego para o entorno das avenidas Rebouças e Brigadeiro Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, passa hoje por seu grande teste, com o fim do feriado e o encontro dos motoristas com os desvios e novos sentidos nas ruas.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) deu início ontem às alterações na região, necessárias para a construção de um túnel de 460 metros sob a Brigadeiro Faria Lima. O único incidente da estréia foi a derrubada de um poste de uma casa na Rebouças após a fiação ser atingida por um caminhão.
No sentido centro-bairro, a interdição da Rebouças foi adiada das 10h de ontem para as 13h para não atrapalhar os candidatos que se dirigiam para o vestibular da Fuvest. No sentido bairro-centro, a interdição começou às 11h. Durante o dia, poucos carros passaram pelo local e o trânsito na região fluiu sem problemas.
Nos dias úteis, cerca de 3.000 veículos passam por hora no trecho interditado da Rebouças e 3.300 no trecho da Eusébio Matoso. Durante os horários de pico, são 17 mil veículos, totalizando 300 mil pessoas por dia no cruzamento.
O túnel custará R$ 66 milhões e tem prazo de conclusão estimado em 11 meses. Os trechos interditados ontem devem continuar inacessíveis por cerca de cinco meses, quando a obstrução deverá ser invertida, alcançando as faixas que atualmente estão livres.

Poste
A derrubada do poste ocorreu por volta das 15h, quando um caminhão que passava pela Eusébio Matoso pegou o desvio da rua Ibiapinópolis e entrou na Rebouças no trecho onde a rua é mais estreita e residencial, e onde havia uma fiação com altura abaixo do padrão.
O caminhão arrastou os fios e o poste de entrada (que recebe os fios que vêm da rua) da residência sucumbiu à pressão, quase caindo sobre o carro do cabeleireiro Wilson Eliodório, 34, que mora no local. Durante grande parte da tarde ele ficou sem energia e telefone.
Eliodório também se sentiu prejudicado como motorista. "Agora, para vir do trabalho para casa, precisarei enfrentar o trânsito da marginal Pinheiros, coisa que antes eu podia evitar." O despachante Roberto Machado, 68, vizinho de Eliodório, que trabalha em casa, também foi prejudicado pelo acidente com a fiação. "Quero ver como vou trabalhar sem telefone", disse, ontem à tarde.
Segundo o secretário de Abastecimento e Projetos Especiais, Valdemir Garreta, a CET prestou auxílio aos moradores logo após o acidente e chamou tanto a empresa de telefonia quanto a de energia. Funcionários da construtora Queiroz Galvão, que realiza a obra, montaram um suporte provisório para segurar o poste.

Críticas
Para Fernanda Bandeira de Mello, 44, economista e presidente do movimento Rebouças Viva, a obra não traz melhorias ao trânsito nas avenidas. Ela ressaltou que a obra não elimina o cruzamento, já que os semáforos na Faria Lima serão mantidos e os ônibus continuarão a passar pela superfície.
Além disso, Mello criticou o fato de a Rebouças ser rebaixada, em vez da Faria Lima, que é mais larga e portanto tem mais conversões em nível. "Isso não é um acesso de obra, é um erro de projeto que vai se transformar em um desvio necessário e permanente."
Segundo Mello, a obra também tem impedimentos legais. Ela critica a prefeitura por começar a obra "em pleno recesso da Justiça, já que a obra está em litígio" e diz que a construção pode ser caracterizada como "eleitoreira", já que seu prazo de conclusão coincide com o período eleitoral.
Garreta, que esteve ontem no local das obras, rebateu as críticas afirmando que o túnel só será concluído depois das eleições.
O secretário também negou que os desvios possam ser permanentes. Quanto ao rebaixamento da Rebouças, disse que se justifica pelo fato de a avenida ter o maior fluxo da região e pelo desejo de manter o projeto urbanístico da Brigadeiro Faria Lima.
Para um morador da rua Pinheiros, que se identificou apenas como Luís Carlos, os congestionamentos comuns à região não serão resolvidos com o túnel. Segundo ele, o problema está nas avenidas Consolação e Paulista.
No próximo dia 11, outra passagem subterrânea começará a ser construída, no cruzamento da Brigadeiro Faria Lima com a avenida Cidade Jardim. A obra também irá durar 11 meses e custará R$ 83 milhões.

Controvérsia
Motoristas que usaram o desvio ontem apresentaram avaliações divergentes. Alguns disseram que o túnel trará melhorias para a região, outros acreditam que só provocará problemas. Há ainda os que não entendem a obra. É o caso da estilista Fúlvia Lima, que chegou de viagem no sábado e não sabia do desvio. "Vai ser um parto de 11 meses, mas espero que o resultado seja legal", diz.
O desenhista Wagner de Medeiros, 26, que dirigia ontem pelo local, também prevê alguns problemas para os motoristas. "Sempre que eu passava aqui já encontrava um trânsito medonho. Imagino como será com as obras."
Na internet, o site da CET (www.cetsp.com.br) informa sobre rotas alternativas para quem pretende evitar a região.



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