|
Próximo Texto | Índice
TRÂNSITO
Derrubada de poste foi único incidente ontem, no início do bloqueio de vias; efeito no tráfego será sentido com fim do feriado
Desvios da Rebouças passam por teste hoje
Juca Varella/Folha Imagem
|
Vista aérea do cruzamento das avenidas Rebouças e Faria Lima |
ISABELLE MOREIRA LIMA
AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL
O novo plano de tráfego para o
entorno das avenidas Rebouças e
Brigadeiro Faria Lima, na zona
oeste de São Paulo, passa hoje por
seu grande teste, com o fim do feriado e o encontro dos motoristas
com os desvios e novos sentidos
nas ruas.
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) deu início ontem às alterações na região, necessárias para a construção de um túnel de 460 metros sob a Brigadeiro Faria Lima. O único incidente
da estréia foi a derrubada de um
poste de uma casa na Rebouças
após a fiação ser atingida por um
caminhão.
No sentido centro-bairro, a interdição da Rebouças foi adiada
das 10h de ontem para as 13h para
não atrapalhar os candidatos que
se dirigiam para o vestibular da
Fuvest. No sentido bairro-centro,
a interdição começou às 11h. Durante o dia, poucos carros passaram pelo local e o trânsito na região fluiu sem problemas.
Nos dias úteis, cerca de 3.000
veículos passam por hora no trecho interditado da Rebouças e
3.300 no trecho da Eusébio Matoso. Durante os horários de pico,
são 17 mil veículos, totalizando
300 mil pessoas por dia no cruzamento.
O túnel custará R$ 66 milhões e
tem prazo de conclusão estimado
em 11 meses. Os trechos interditados ontem devem continuar inacessíveis por cerca de cinco meses, quando a obstrução deverá
ser invertida, alcançando as faixas
que atualmente estão livres.
Poste
A derrubada do poste ocorreu
por volta das 15h, quando um caminhão que passava pela Eusébio
Matoso pegou o desvio da rua
Ibiapinópolis e entrou na Rebouças no trecho onde a rua é mais estreita e residencial, e onde havia
uma fiação com altura abaixo do
padrão.
O caminhão arrastou os fios e o
poste de entrada (que recebe os
fios que vêm da rua) da residência
sucumbiu à pressão, quase caindo
sobre o carro do cabeleireiro Wilson Eliodório, 34, que mora no local. Durante grande parte da tarde
ele ficou sem energia e telefone.
Eliodório também se sentiu prejudicado como motorista. "Agora, para vir do trabalho para casa,
precisarei enfrentar o trânsito da
marginal Pinheiros, coisa que antes eu podia evitar." O despachante Roberto Machado, 68, vizinho
de Eliodório, que trabalha em casa, também foi prejudicado pelo
acidente com a fiação. "Quero ver
como vou trabalhar sem telefone", disse, ontem à tarde.
Segundo o secretário de Abastecimento e Projetos Especiais, Valdemir Garreta, a CET prestou auxílio aos moradores logo após o
acidente e chamou tanto a empresa de telefonia quanto a de energia. Funcionários da construtora
Queiroz Galvão, que realiza a
obra, montaram um suporte provisório para segurar o poste.
Críticas
Para Fernanda Bandeira de Mello, 44, economista e presidente
do movimento Rebouças Viva, a
obra não traz melhorias ao trânsito nas avenidas. Ela ressaltou que
a obra não elimina o cruzamento,
já que os semáforos na Faria Lima
serão mantidos e os ônibus continuarão a passar pela superfície.
Além disso, Mello criticou o fato
de a Rebouças ser rebaixada, em
vez da Faria Lima, que é mais larga e portanto tem mais conversões em nível. "Isso não é um
acesso de obra, é um erro de projeto que vai se transformar em um
desvio necessário e permanente."
Segundo Mello, a obra também
tem impedimentos legais. Ela critica a prefeitura por começar a
obra "em pleno recesso da Justiça,
já que a obra está em litígio" e diz
que a construção pode ser caracterizada como "eleitoreira", já que
seu prazo de conclusão coincide
com o período eleitoral.
Garreta, que esteve ontem no
local das obras, rebateu as críticas
afirmando que o túnel só será
concluído depois das eleições.
O secretário também negou que
os desvios possam ser permanentes. Quanto ao rebaixamento da
Rebouças, disse que se justifica
pelo fato de a avenida ter o maior
fluxo da região e pelo desejo de
manter o projeto urbanístico da
Brigadeiro Faria Lima.
Para um morador da rua Pinheiros, que se identificou apenas
como Luís Carlos, os congestionamentos comuns à região não
serão resolvidos com o túnel. Segundo ele, o problema está nas
avenidas Consolação e Paulista.
No próximo dia 11, outra passagem subterrânea começará a ser
construída, no cruzamento da
Brigadeiro Faria Lima com a avenida Cidade Jardim. A obra também irá durar 11 meses e custará
R$ 83 milhões.
Controvérsia
Motoristas que usaram o desvio
ontem apresentaram avaliações
divergentes. Alguns disseram que
o túnel trará melhorias para a região, outros acreditam que só
provocará problemas. Há ainda
os que não entendem a obra. É o
caso da estilista Fúlvia Lima, que
chegou de viagem no sábado e
não sabia do desvio. "Vai ser um
parto de 11 meses, mas espero que
o resultado seja legal", diz.
O desenhista Wagner de Medeiros, 26, que dirigia ontem pelo local, também prevê alguns problemas para os motoristas. "Sempre
que eu passava aqui já encontrava
um trânsito medonho. Imagino
como será com as obras."
Na internet, o site da CET
(www.cetsp.com.br) informa sobre rotas alternativas para quem pretende evitar a região.
Próximo Texto: Vestibular: Tema filosófico surpreende na Fuvest Índice
|