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São Paulo, quarta-feira, 05 de fevereiro de 2003

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Para médico, casal que tentou matar os 2 filhos não teve surto psicótico

MÁRIO TONOCCHI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Os músicos Alexandre Alvarenga, 32, e Sara Maria Rosolen Alvarenga, 31, acusados de tentar matar os dois filhos -de um e seis anos-, não passavam por um surto psicótico no momento do crime, no domingo, segundo o médico Renato Marchi, chefe do Centro do Serviço de Psiquiatria do Hospital Celso Pierro, em Campinas, onde estão internados.
Para o médico, o casal tinha consciência parcial dos atos cometidos. Marchi disse que, em conversa com os pais das crianças, eles afirmaram ter sido movidos "por uma força incontrolável, não sabendo se era divina ou demoníaca". "O caso dos dois precisa de um acompanhamento psiquiátrico", disse o médico.
"Eles têm flashes de alguns momentos do que fizeram. Eles estão tranquilos e estão perguntando dos filhos", disse o médico.
A avaliação pode complicar a situação do casal na Justiça, já que a defesa deve alegar falta de consciência. A pena para o crime de tentativa de homicídio é de até 13 anos de prisão.
O advogado do casal, Luiz Henrique Cirilo, 38, sustenta que eles tiveram um desequilíbrio mental.
O casal foi preso em flagrante após o pai jogar o filho, José Alexandre Rosolen Alvarenga, de um ano, contra o pára-brisa de uma picape. O bebê continuava ontem internado em estado grave.
Segundo a Polícia Civil, Alvarenga ainda teria agredido a outra filha, Alessa Rosolen Alvarenga, 6, batendo sua cabeça contra uma árvore. A menina foi medicada e liberada no mesmo domingo e está com a avó paterna, Maria José Camargo Alvarenga.
O médico disse ainda que o casal chegou a mencionar uma seita. "Só não disseram qual a seita e se a frequentam ou não", explicou.
O cunhado de Alvarenga, João Suzuki, 35, disse não acreditar que o casal estivesse envolvido com alguma seita. Segundo ele, os dois são ligados à Renovação Carismática, da Igreja Católica.
A delegada titular do 3º Distrito Policial de Campinas, Iara Eli Marques da Silva, que investigou o caso, enviou ontem o inquérito para o Fórum. No processo, segundo ela, os dois estão indiciados por tentativa de homicídio.


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