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Temporão acusa mídia de alardear a febre amarela
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O ministro da Saúde, José
Gomes Temporão, criticou a
atuação da imprensa na cobertura dos casos de febre amarela,
e defendeu que a saúde pública
seja tratada como questão de
segurança nacional. Para ele,
não cabe à imprensa questionar informação das autoridades sanitárias sobre necessidade de vacinação.
"Um número pequeno de casos de febre amarela silvestre
foi tratado por alguns veículos
como ameaça de epidemia. Isso
é muito perigoso. Não se pode
tratar uma matéria com tantas
implicações como qualquer fato", afirmou Temporão, em entrevista no sambódromo, domingo à noite, onde esteve como convidado do governador
Sérgio Cabral Filho (PSDB).
Segundo o ministro, milhares de pessoas se vacinaram
sem necessidade porque a mídia pôs em dúvida as declarações das autoridades sanitárias.
Defendeu que a liberdade de
questionamento da imprensa
não pode prevalecer em questões de saúde pública.
"Nesse caso, acho complicado falar no papel da imprensa
de duvidar e de questionar.
Nesse caso, cabe à imprensa informar, acompanhar, analisar,
comentar (...). A questão poderia ser tratada até como de segurança nacional". declarou.
Para ele, cabem comentários,
reflexões e análise na cobertura
jornalística, mas, questionar a
seriedade da autoridade sanitária sobre a necessidade de vacinação é "perigosíssimo".
"Vamos aos fatos: o governo
colocou com clareza o que devia ser feito, mas criou-se um
questionamento. Ouvi gente no
rádio, com irresponsabilidade
brutal, questionando abertamente se o governo estava falando a verdade. A população,
desorientada, se vacinou desnecessariamente, e gente morreu. Pessoas adoeceram, e aí?
(...) Não acho que a imprensa
tenha sido responsável por
mortes, seria exagero falar isso", declarou.
Também criticou jornais
que, na avaliação dele, passaram aos leitores a idéia de que o
governo não dizia a verdade, ao
negar risco de epidemia.
"Dei entrevista coletiva, não
adiantou. Fui à TV, em rede nacional. Não adiantou. Questionaram a seriedade da autoridade sanitária, como se fosse possível brincar com a saúde pública. Todos os sanitaristas cientistas de respeito do país falaram o mesmo que o governo, e,
mesmo assim, ainda leio pessoas ironizando e questionando se o governo é sério, misturando política e saúde pública."
Segundo o Ministério da Saúde, ocorreram 13 mortes por febre amarela silvestre desde 30
de dezembro, o mesmo total de
mortes registrado nos últimos
quatro anos. Contando os que
sobreviveram à doença, são 25
as suspeitas confirmadas. O Estado mais atingido é Goiás, com
18 casos e 12 mortes, seguido do
Distrito Federal, com três casos
e uma morte.
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