São Paulo, terça-feira, 05 de fevereiro de 2008

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Temporão acusa mídia de alardear a febre amarela

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, criticou a atuação da imprensa na cobertura dos casos de febre amarela, e defendeu que a saúde pública seja tratada como questão de segurança nacional. Para ele, não cabe à imprensa questionar informação das autoridades sanitárias sobre necessidade de vacinação.
"Um número pequeno de casos de febre amarela silvestre foi tratado por alguns veículos como ameaça de epidemia. Isso é muito perigoso. Não se pode tratar uma matéria com tantas implicações como qualquer fato", afirmou Temporão, em entrevista no sambódromo, domingo à noite, onde esteve como convidado do governador Sérgio Cabral Filho (PSDB).
Segundo o ministro, milhares de pessoas se vacinaram sem necessidade porque a mídia pôs em dúvida as declarações das autoridades sanitárias. Defendeu que a liberdade de questionamento da imprensa não pode prevalecer em questões de saúde pública.
"Nesse caso, acho complicado falar no papel da imprensa de duvidar e de questionar. Nesse caso, cabe à imprensa informar, acompanhar, analisar, comentar (...). A questão poderia ser tratada até como de segurança nacional". declarou.
Para ele, cabem comentários, reflexões e análise na cobertura jornalística, mas, questionar a seriedade da autoridade sanitária sobre a necessidade de vacinação é "perigosíssimo".
"Vamos aos fatos: o governo colocou com clareza o que devia ser feito, mas criou-se um questionamento. Ouvi gente no rádio, com irresponsabilidade brutal, questionando abertamente se o governo estava falando a verdade. A população, desorientada, se vacinou desnecessariamente, e gente morreu. Pessoas adoeceram, e aí? (...) Não acho que a imprensa tenha sido responsável por mortes, seria exagero falar isso", declarou.
Também criticou jornais que, na avaliação dele, passaram aos leitores a idéia de que o governo não dizia a verdade, ao negar risco de epidemia.
"Dei entrevista coletiva, não adiantou. Fui à TV, em rede nacional. Não adiantou. Questionaram a seriedade da autoridade sanitária, como se fosse possível brincar com a saúde pública. Todos os sanitaristas cientistas de respeito do país falaram o mesmo que o governo, e, mesmo assim, ainda leio pessoas ironizando e questionando se o governo é sério, misturando política e saúde pública."
Segundo o Ministério da Saúde, ocorreram 13 mortes por febre amarela silvestre desde 30 de dezembro, o mesmo total de mortes registrado nos últimos quatro anos. Contando os que sobreviveram à doença, são 25 as suspeitas confirmadas. O Estado mais atingido é Goiás, com 18 casos e 12 mortes, seguido do Distrito Federal, com três casos e uma morte.


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