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EDUCAÇÃO
Para ampliar duração de ensino, redes terão de provar que estão atendendo 95% das crianças em idade escolar
MEC restringe 1º grau de nove anos
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
Estados e municípios que queiram ampliar a duração do ensino
fundamental (antigo 1º grau) de
oito para nove anos -matriculando os alunos a partir dos 6 anos, e
não aos 7, como é hoje- terão de
provar que já estão atendendo pelos menos 95% das crianças em
idade escolar (entre 7 e 14 anos).
Também precisarão mostrar que
possuem espaço físico para abrigar
os alunos de 6 anos, sem a necessidade de construir novas escolas.
A possibilidade de estender o antigo 1º grau para nove anos surgiu
com a aprovação da LDB (Lei de
Diretrizes e Bases da Educação),
em dezembro de 96.
Segundo dados do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais), três redes municipais (São Paulo, Porto Velho e Salvador) e duas estaduais (Ceará e
Rio de Janeiro) já haviam aberto as
matrículas do ensino fundamental
para alunos de 6 anos em 1998.
Ontem, o secretário da Educação
de Minas Gerais, Murílio Hingel,
afirmou que também aceitará a
matrícula de crianças a partir dos 6
anos, desde que tenham sobrado
vagas na 1ª série das escolas.
O objetivo das exigências do governo federal é evitar que prefeituras aumentem a duração do ensino
fundamental de oito para nove
anos apenas para receber mais dinheiro do Fundo de Manutenção
do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério, o fundão.
Como a verba repassada às prefeituras é proporcional ao número
de alunos matriculados no ensino
fundamental, elas vão receber
mais recursos se passarem a incluir crianças de 6 anos no cálculo.
Hoje, os alunos com essa idade
estão matriculados em classes de
pré e de alfabetização -que fazem
parte da educação infantil e, por isso, são financiadas exclusivamente
com recursos municipais.
Em todo o país, há 3,6 milhões de
alunos de 6 anos na educação infantil. Se todos fossem "transferidos" para o ensino fundamental,
haveria um aumento de quase 10%
no número de alunos desse nível, o
que obrigaria a União a aumentar a
verba de R$ 436 milhões que destinou ao fundão em 99.
Ministro aprova restrição
As exigências para os 9 anos fazem parte do parecer aprovado pelo CNE (Conselho Nacional da
Educação) em 17 de dezembro. O
parecer precisa ser homologado
pelo ministro Paulo Renato Souza
(Educação) para ter validade.
Ontem, o ministro disse que irá
aprovar as restrições, mas vai devolver o parecer ao CNE para que o
conselho crie sistema de equivalência entre as redes que adotarem
o ensino fundamental de nove
anos e as que optarem por manter
os oito atuais.
"Como nem todos os Estados poderão aderir ao novo regime, é preciso criar regras de conversão. E o
CNE não havia feito isso", disse.
Se a resolução já estivesse valendo, nem Salvador nem Porto Velho
poderiam adotar os nove anos
porque não atingiram a meta de
95% dos alunos na escola.
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