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DINHEIRO PÚBLICO
Ajuda, correspondente a um terço dos gastos, interrompeu "importação" de temas
Prefeitura do Rio deu R$ 7 mi às 14 escolas do Grupo Especial
MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio
A Prefeitura do Rio está financiando este ano cerca de um terço
do valor total gasto pelas escolas
de samba do Grupo Especial na
preparação de seus desfiles.
Como uma deferência especial
às agremiações pela comemoração dos 500 anos do Brasil -todas elas trarão enredos alusivos à
data-, a prefeitura decidiu bancar parte das despesas.
Foram destinados R$ 500 mil a
cada uma das 14 escolas do grupo
de elite do Carnaval carioca, no
total de R$ 7 milhões. Além disso,
a Liesa (Liga Independente das
Escolas de Samba) recebeu R$ 500
mil de ajuda para a organização
do evento.
A Folha levantou os gastos de
cada escola com seu desfile. Apenas a Mocidade Independente
não soube informar esse número.
As outras 13 desembolsaram,
em conjunto, R$ 20,4 milhões. A
média é de R$ 1,57 milhão por escola -o triplo do valor dado a cada uma pelo município.
Os R$ 500 mil da prefeitura foram pagos em seis parcelas de R$
50 mil, de julho a dezembro, e
uma de R$ 200 mil em janeiro.
"As escolas puderam se preparar
antes e melhor", diz o presidente
da Beija-Flor, Farid Abrão David.
Além dos recursos públicos, cada escola recebeu de R$ 600 mil a
R$ 700 mil da Liesa, relativos ao
repasse da participação na venda
de ingressos do Sambódromo,
nos direitos de transmissão pela
TV e na comercialização do CD
dos sambas-enredo.
A ajuda oficial interrompeu
uma tendência que vinha se acentuando nos últimos cinco Carnavais: a apresentação de enredos
sobre outras cidades e Estados,
em troca de apoio financeiro de
prefeituras, governos e até de empresários locais, interessados em
divulgação. Só no ano passado,
quatro escolas recorreram a esse
expediente: Salgueiro (homenagem a Natal), Vila Isabel (João
Pessoa), Portela (Minas Gerais) e
Beija-Flor (Araxá, em Minas).
Para o presidente e patrono da
Unidos do Viradouro, José Carlos
Monassa, esse é um caminho "lamentável", que a escola tem evitado, até pela opinião do carnavalesco Joãosinho Trinta ("Isso leva
a uma pobreza de enredos").
Com o dinheiro da prefeitura, a
Mangueira motorizou seus oito
carros alegóricos e bancou as fantasias de 1.800 dos 4.500 componentes -no ano passado, pagara
as de apenas 600.
Outras escolas investiram em
obras físicas -como a União da
Ilha, que reconstruiu seu barracão, incendiado pouco antes do
Carnaval do ano passado.
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