São Paulo, domingo, 05 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DINHEIRO PÚBLICO

Ajuda, correspondente a um terço dos gastos, interrompeu "importação" de temas

Prefeitura do Rio deu R$ 7 mi às 14 escolas do Grupo Especial

MÁRIO MOREIRA
da Sucursal do Rio

A Prefeitura do Rio está financiando este ano cerca de um terço do valor total gasto pelas escolas de samba do Grupo Especial na preparação de seus desfiles.
Como uma deferência especial às agremiações pela comemoração dos 500 anos do Brasil -todas elas trarão enredos alusivos à data-, a prefeitura decidiu bancar parte das despesas.
Foram destinados R$ 500 mil a cada uma das 14 escolas do grupo de elite do Carnaval carioca, no total de R$ 7 milhões. Além disso, a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba) recebeu R$ 500 mil de ajuda para a organização do evento.
A Folha levantou os gastos de cada escola com seu desfile. Apenas a Mocidade Independente não soube informar esse número.
As outras 13 desembolsaram, em conjunto, R$ 20,4 milhões. A média é de R$ 1,57 milhão por escola -o triplo do valor dado a cada uma pelo município.
Os R$ 500 mil da prefeitura foram pagos em seis parcelas de R$ 50 mil, de julho a dezembro, e uma de R$ 200 mil em janeiro. "As escolas puderam se preparar antes e melhor", diz o presidente da Beija-Flor, Farid Abrão David.
Além dos recursos públicos, cada escola recebeu de R$ 600 mil a R$ 700 mil da Liesa, relativos ao repasse da participação na venda de ingressos do Sambódromo, nos direitos de transmissão pela TV e na comercialização do CD dos sambas-enredo.
A ajuda oficial interrompeu uma tendência que vinha se acentuando nos últimos cinco Carnavais: a apresentação de enredos sobre outras cidades e Estados, em troca de apoio financeiro de prefeituras, governos e até de empresários locais, interessados em divulgação. Só no ano passado, quatro escolas recorreram a esse expediente: Salgueiro (homenagem a Natal), Vila Isabel (João Pessoa), Portela (Minas Gerais) e Beija-Flor (Araxá, em Minas).
Para o presidente e patrono da Unidos do Viradouro, José Carlos Monassa, esse é um caminho "lamentável", que a escola tem evitado, até pela opinião do carnavalesco Joãosinho Trinta ("Isso leva a uma pobreza de enredos"). Com o dinheiro da prefeitura, a Mangueira motorizou seus oito carros alegóricos e bancou as fantasias de 1.800 dos 4.500 componentes -no ano passado, pagara as de apenas 600.
Outras escolas investiram em obras físicas -como a União da Ilha, que reconstruiu seu barracão, incendiado pouco antes do Carnaval do ano passado.


Texto Anterior: Villas Bôas descobre o Carnaval aos 86
Próximo Texto: Empresário substitui bicheiro
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.