São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

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PREFEITO ASSASSINADO

Santana roubado usado no sequestro de Celso Daniel foi devolvido ao dono sem ser examinado

Polícia erra e prejudica perícia de carro

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um erro da polícia evitou que fossem descobertas mais cedo pistas da morte do prefeito Celso Daniel (PT). Um Santana azul, roubado e usado no sequestro de Daniel, foi encontrado abandonado e foi devolvido ao dono sem que fosse investigada sua participação no crime. A perícia do carro ficou comprometida.
O Santana, um dos carros usados no sequestro, era uma das peças que faltavam para o esclarecimento do caso. A Blazer verde, segundo veículo usado no sequestro, foi encontrada incendiada na favela Pantanal (zona sul), o que dificultou o trabalho da perícia.
O Santana só foi encontrado depois que Itamar Messias dos Santos e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, presos na última sexta-feira, informaram à Polícia Federal que o veículo, roubado no dia 18 de janeiro, -dia do sequestro do prefeito- em Diadema, tinha sido abandonado na mesma noite, em Taboão da Serra (Grande São Paulo).
Depois de um rastreamento nas delegacias, a PF conseguiu localizar o Santana azul anteontem à noite. O carro estava na garagem de seu dono, o vigia Adonísio Alves da Silva, 51.
A PF descobriu que o Santana foi encontrado às 8h do dia 19 pela PM. À tarde, depois de registrado um boletim na Polícia Civil de Taboão da Serra, o carro foi entregue ao dono, que deve ter inutilizado a maioria das possíveis pistas ao lavar o veículo.
Em seu depoimento na madrugada do mesmo dia 19, o empresário Sérgio Gomes da Silva, que estava com o prefeito no momento do sequestro, afirmou aos policiais que os sequestradores usaram um Santana e uma Blazer. A PM chegou a fazer várias blitze nos dias seguintes em busca dos dois veículos.
O delegado Romeu Tuma Jr., titular da Delegacia Seccional de Taboão da Serra, disse que vai abrir sindicância para apurar a possível falha da delegacia local.

Depoimento
Marcos Roberto dos Santos, o Marquinhos, voltou a negar ontem, no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), envolvimento no caso. Ele disse que estava vendo televisão no momento do sequestro.
Marquinhos e José Edson da Silva foram apontados como os homens que teriam retirado Daniel da favela e o assassinado.
Itamar e Bozinho disseram que houve uma reunião do grupo depois que souberam que o sequestrado era o prefeito. Os dois informaram que deixaram três recados no celular de Silva para que soltasse Daniel, mas ele não obedeceu.



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