São Paulo, terça-feira, 05 de março de 2002

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CASO CELSO DANIEL

Suspeito nega participação no crime

Dinheiro de sequestro seria usado em resgate de presos, diz polícia

DA REPORTAGEM LOCAL

Um croqui detalhado do CDP (Centro de Detenção Provisória) do Belém e cartas com a movimentação dos PMs nas muralhas, encontrados na casa de José Edson da Silva, suspeito de ter atirado contra o prefeito Celso Daniel (PT), indicam que a quadrilha da favela Pantanal planejava fazer um resgate de presos.
O material e a foto de Silva foram divulgados ontem pelo Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado). O dinheiro do sequestro do prefeito seria utilizado na operação.
A polícia suspeita que Antonio Carlos Pereira dos Santos, o Legal, preso desde setembro no CDP e integrante da quadrilha da Pantanal, seria um dos resgatados.
Os detalhes do croqui, feito a caneta em uma folha de papel, foram confirmados como verdadeiros por diretores do CDP.
As cartas apreendidas pela polícia na casa de Silva relatam a movimentação dos PMs nas muralhas, afirmando que um plantão era mais rígido na segurança do que outro. "Vez ou outra, tem um "rondante" [vigia" que corre as muralhas do Belém 1 e 2, os PMs da lateral esquerda A e D. Ficam sempre conversando na guaritinha do meio", descreve o começo de uma das cartas.
A polícia encontrou o material na semana passada, na casa de Silva, em Capão Redondo (zona sul de São Paulo). Silva e Marcos Roberto dos Santos, o Marquinhos, foram apontados por Itamar Messias dos Santos e Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, o Bozinho, como os autores dos disparos contra o prefeito.
Itamar e Bozinho disseram que houve uma reunião de parte da quadrilha depois que souberam que o sequestrado era o prefeito.
Os dois disseram que deixaram três recados no celular de Silva para que soltasse Daniel, o que ele não obedeceu. Apesar das evidências, Marquinhos voltou a negar ontem, no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), envolvimento no sequestro.
A Polícia Federal encontrou domingo à noite um Santana azul que deve ter sido o segundo veículo usado no sequestro. O carro foi roubado no dia 18 de janeiro, dia do sequestro, e liberado no dia seguinte, antes da morte do prefeito. O carro foi encontrado pela PM e devolvido ao dono, que lavou o carro e removeu as pistas. (GILMAR PENTEADO)


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