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Carnaval em Tiradentes é um martírio
BELL KRANZ
EDITORA DO EQUILÍBRIO
Passar Carnaval na linda e bucólica Tiradentes, em Minas Gerais,
é como entrar no inferno sem
passar nem pelo purgatório. Uma
horda de jovens de classe média,
saída do Rio de Janeiro, de São
Paulo e de Belo Horizonte, invade
a cidadezinha, tida como a menor, a mais bem preservada e
mais sossegada das cidades históricas, liberando os instintos mais
abobalhados e esdrúxulos.
A partir do meio-dia, eles abrem
as portas e os porta-malas dos
carrões, ligam o som no máximo,
e o centro histórico se transforma
em um grande salão de Carnaval.
Pobre Tiradentes! Até urinam nos
monumentos da cidade do herói
da Inconfidência. As autoridades
espalharam pelas ruas aqueles banheiros "de show", mas eles não
dão conta. É muita bebida rolando dia e noite.
Os homens -uma média de
quatro para cada "mina"- carregam invariavelmente um copo,
uma lata ou garrafa de cerveja na
mão. O divertimento é dançar
funk, pagode e até rap -menos
Carnaval-, largar-se nas calçadas, tomar banho de esguicho na
caçamba da caminhonete ou assustar turistas incautos que voltam do passeio a cavalo fora de
hora, quando os garotos já acordaram -a graça é fazer o cavalo
do pai da família empinar!
Mas o turista esperto dá meia-volta e vai flanar pelas microcidades vizinhas. Sambar, ele só vai
mesmo na volta para a casa, no
caso de quem mora em São Paulo.
A estrada que leva até a rodovia
Fernão Dias é feita de buracos,
buraquinhos e crateras, em que
você dribla dois e cai em quatro.
Por que é que o governador deixa
uma estrada naquele estado? O
garoto, que havia conhecido em
São João del Rey o túmulo de Tancredo Neves e a casa de dona Risoleta, responde: "Vai ver que ele
não quer que ninguém vá à cidade
dele".
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