|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Mais um dirigente do presídio de Bangu 1 é assassinado
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
O subdiretor da penitenciária de
segurança máxima Bangu 1 (zona
oeste do Rio), Wagner Vasconcelos da Rocha, 37, foi assassinado a
tiros ontem de manhã na estrada
São João Caxias, em São João de
Meriti (Baixada Fluminense). Esta seria a última semana de Rocha
no presídio: ele havia pedido afastamento da função porque estaria
sendo ameaçado de morte.
Ele é o quarto dirigente do complexo de presídios assassinado
nos últimos quatro anos. Uma
das hipóteses para o crime, sustentada pelo governo do Estado,
seria uma represália de presos
contra o RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) imposto nos
presídios Bangu 1, 2 e 3.
Ontem, Rocha dirigia para o
trabalho quando, por volta das
8h, uma moto, com duas pessoas,
e um carro se aproximaram do
seu Corsa. O homem que estava
na garupa da moto disparou contra Rocha, que foi atingido por
dois tiros no braço e no tórax.
O carro do subdiretor foi atingido na porta. No local foram encontradas quatro cápsulas de pistola, recolhidas pela polícia.
PMs que passavam pelo local o
levaram para o Hospital Duque
de Caxias, mas ele não resistiu.
O titular da 64ª DP, Jorge Luiz
Dieguez Cavalcanti, disse que "tudo leva a crer que a morte do subdiretor tenha acontecido em razão da política do Estado de implantar um regime disciplinar que
acaba com as regalias dos presos".
Ele vai investigar se algum preso
encomendou o crime.
Atentado
Em 21 de janeiro, Rocha havia
sofrido um atentado. Ele voltava
de Bangu 1 para casa, quando dois
homens em uma moto dispararam contra ele. Seu carro foi atingido por dois tiros. Ele conseguiu
se esconder dentro de uma cabine
da Polícia Rodoviária Federal.
Segundo o diretor de Bangu 1,
major Danilo Nascimento da Silva, logo após o episódio, ele pediu
férias. Rocha voltou ao trabalho
anteontem e esperava apenas os
trâmites burocráticos para deixar
o cargo e atuar fora do complexo.
Agente penitenciário desde
1997, Rocha trabalhava desde 99
em Bangu 1. Foi nomeado subdiretor em março do ano passado.
O diretor de Bangu 1 afirmou
desconhecer que Rocha estaria
sendo ameaçado e disse que ele
alegara "estresse" quando pediu
para ser exonerado do cargo.
O presidente eleito do Sindicato
dos Agentes Penitenciários, Francisco Rodrigues, no entanto, afirmou que o subdiretor protocolou
na Secretaria de Administração
Penitenciária um pedido para ser
acompanhado por um segurança,
logo depois do atentado. Só depois de não ser atendido é que ele
pedira férias.
De acordo com a secretaria, o
pedido não chegou ao secretário,
Astério Pereira dos Santos. A Folha apurou que a secretaria tinha
conhecimento das ameaças que
ele sofria, mas que, como ele decidira tirar férias, o pedido de Rocha não foi atendido.
Em nota divulgada pela assessoria, o secretário disse considerar o
trabalho na área penitenciária "altamente arriscado, especialmente
num momento em que o governo
do Estado busca organizar o sistema penitenciário, retirando regalias e implantando regimes disciplinares mais rigorosos".
No entanto, afirmou que "as
ações para organizar o sistema
penitenciário fluminense não vão
retroceder" em razão do crime.
Texto Anterior: Vizinho dorme no corredor do prédio Próximo Texto: Governo diverge e atribui crime a diferentes prisões Índice
|