|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TRANSPORTE
Sindicalistas da oposição dizem que colega morto havia denunciado fraudes trabalhistas e que receberam ameaças
Após crime, motoristas pedem proteção à PF
DA REPORTAGEM LOCAL
Dois dias depois do assassinato
de um sindicalista que denunciou
fraudes trabalhistas, integrantes
da oposição ao atual comando do
sindicato dos motoristas e cobradores de São Paulo foram à Polícia Federal pedir proteção. Eles
afirmam que têm sofrido constantes ameaças de morte.
Na terça-feira, José Roberto
Vieira Brito, 28, foi morto a tiros
quando saía de sua casa. Segundo
os sindicalistas que estiveram na
Polícia Federal ontem, ele foi uma
das seis pessoas que denunciaram
ao Ministério Público Federal as
fraudes trabalhistas de viações de
ônibus, realizadas com o apoio do
sindicato. A Procuradoria também confirma essa informação.
A advogada Kátia Gomide, da
CUT (Central Única dos Trabalhadores) de São Paulo -que faz
oposição à atual liderança do sindicato-, disse que entregou os
nomes de cinco diretores envolvidos com as ameaças.
Gomide mora em Campinas e
disse ter sido abordada há dez
dias por dois homens armados,
mas conseguiu fugir. Um sindicalista que a acompanhava ontem
afirmou que recebeu, por intermédio de parentes, um "recado"
de que é o "próximo da lista".
Eleito em novembro do ano
passado, o atual presidente do
sindicato, Luiz Gonçalves, se defendeu e afirmou que "os companheiros da oposição ainda não
conseguiram perceber que a eleição acabou".
Segundo ele, o sindicalista assassinado -embora o Ministério
Público afirme que ele era ligado à
oposição- apoiava o seu grupo e
foi morto por outras questões.
"Esse rapaz estava havia sete meses na "caixa" [afastado com auxílio-doença]. Parece que era em
virtude de problemas neurológicos, parece que ele estava meio
misturando as coisas."
Além disso, diz o presidente do
sindicato, "tem um boato de que
ele tinha problema de envolvimento com agiotas, problemas de
limpar nomes de pessoas no SPC
(Serviço de Proteção ao Crédito)
sem pagar a dívida". Para Gonçalves, "a morte dele está relacionada a esse tipo de coisa".
Os acordos trabalhistas considerados fraudulentos vinham
sendo feitos desde 2003 e estabeleceram a demissão de motoristas
e cobradores, que seriam readmitidos em viações criadas com nomes diferentes se abrissem mão
da multa de 40% do FGTS (Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço) e aceitassem um parcelamento das verbas rescisórias.
A estratégia visava "limpar"
pendências trabalhistas dos
maiores grupos, que, para participar da última licitação, criaram
empresas "novas" (ao menos a razão social), embora frota, donos e
funcionários sejam iguais aos das
antigas, que acumulam dívidas.
O presidente do sindicato diz
que o acordo foi "a proposta máxima que conseguimos arrumar".
Gonçalves diz que procurou ajuda do Ministério Público e da prefeitura antes de firmar os acordos,
mas "ninguém quis ajudar".
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Panorâmica - Vestibular: Unicamp divulga hoje a 3ª chamada de convocados Índice
|