São Paulo, sexta-feira, 05 de março de 2004

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JACAREÍ

Uma pessoa morreu; ouvidoria vê "anomalias" no caso

Suspeito atira caminhão roubado no rio após ser parado em uma blitz

Claudio Capucho/"Futura Press"
Caminhão carregado com minério de ferro, caído no rio Paraíba, após o motorista ter jogado o veículo de uma ponte, em Jacareí (SP)


DAS REGIONAIS, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um suposto acidente com um caminhão roubado apreendido pela polícia, em circunstâncias ainda não esclarecidas, em Jacareí (75 km de São Paulo), provocou a morte de um primo do delegado seccional da região. O acusado do roubo, que dirigia o caminhão mesmo depois de ser parado em uma blitze pela polícia, estava desaparecido até ontem à noite.
O veículo, carregado de minério de ferro, tinha sido apreendido pela Polícia Rodoviária Federal. Segundo a polícia, o caminhão estava sendo levado para a realização do boletim de ocorrência pelo próprio motorista e suspeito do roubo, Adriano Tadeu Lima.
Ele era acompanhado por Rogério Martinez Carvalho -primo do delegado seccional de Jacareí, Fábio Carvalho Joaquim, e dono de uma empresa particular que realiza treinamento de policiais- e por um policial civil.
Segundo a polícia, o motorista, para tentar escapar, teria jogado o caminhão no rio Paraíba do Sul ontem pela manhã. Carvalho morreu no local. O motorista e o policial teriam pulado do caminhão antes da queda. Lima não foi localizado. O policial se salvou.
No momento do acidente, o caminhão era escoltado por dois veículos, um da Polícia Civil e outro da Polícia Rodoviária Federal. Segundo os policiais, Carvalho pegou uma carona até a delegacia.
Para o ouvidor da Polícia de São Paulo, Itajiba Farias Ferreira Cravo, o incidente é, no mínimo, suspeito. "Existem muitas suspeitas. É um episódio que só tem anomalias", diz Cravo.
Uma delas, segundo o ouvidor, é o fato de o motorista, mesmo na condição de suspeito de roubo, permanecer dirigindo o veículo. "Em uma condição normal, ele estaria algemado e outra pessoa iria dirigir", afirma Cravo.
Ele também diz que a presença de Carvalho, que não era policial, no caminhão apreendido precisa ser esclarecida.
O ouvidor diz que cobrou informações da Corregedoria da Polícia Civil, que disse que estava à espera de dados sobre o caso, mas adiantou que o delegado seccional não soube explicar o que seu primo fazia no local.
Os bombeiros levaram três horas para retirar o corpo e o caminhão do rio. Foram realizadas buscas durante todo o dia para localizar o motorista, sem sucesso. O acidente não comprometeu a estrutura da ponte, que foi vistoriada pela Defesa Civil ontem.
O local ficou interditado até o meio-dia, quando foi novamente liberado para o tráfego de veículos. Ainda está proibida a passagem de pedestres no sentido centro-bairro.
A interdição permanecerá até que seja reparado o parapeito danificado pela carreta. O estrago foi de cerca de seis metros de extensão. O local já está sinalizado e ficará iluminado durante a noite.


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