São Paulo, domingo, 05 de março de 2006

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Para moradora, qualidade de vida piorou

DA REPORTAGEM LOCAL

A transformação derrubou a qualidade de vida de uma faixa inteira da Bela Vista, entre as ruas 13 de Maio e Maestro Cardim, diz a paisagista Maria Sonia da Cruz Motta, 51, no bairro há 30 anos.
Maria integra um grupo de moradores que reuniu 3.000 assinaturas e foi à Justiça tentar impedir a construção de um condomínio sobre uma área verde em um terreno de cerca de 10 mil m2.
""Isso [a mudança] desagrega, desvaloriza o bairro. O pouco de área verde que havia se foi", diz. ""O trânsito vira um inferno, os moradores não têm sossego."
Dono de uma das últimas pensões que sobreviveram às investidas de imobiliárias na Maestro Cardim, Miguel Gomes, 41, viu surgir à sua frente um flat de 17 andares e 165 apartamentos há cerca de três anos.
Cobra pelo quarto R$ 300 ao mês, valor equivalente a três dias no flat. Por 252 m2, paga R$ 5.500 de IPTU por ano. O alto custo quase inviabiliza seu negócio.
""Houve uma valorização brutal, e o IPTU mais do que dobrou uns quatro anos atrás. Com a expansão do Beneficência, aqui virou local de prédios e clínicas", diz.
Como as pessoas que freqüentam aquela faixa têm hoje um perfil bem diferente, a clientela rareou e é difícil conseguir alugar todos os 45 quartos. "Não tem procura. A casa fica vazia."
Um público mais sofisticado, mas ainda assim se queixando da inflação de preços, cresce com a expansão do setor hospitalar.
A médica Ana Lúcia Vinagre, 26, faz pós-graduação em endocrinologia na Beneficência.
De Corumbá (MS), ela se assustou com o aluguel de R$ 1.200, mais R$ 320 de condomínio, por um flat de 50 m2 na rua Martiniano de Carvalho. Há um ano, uma amiga alugou o flat por R$ 900.


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