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Para moradora, qualidade de vida piorou
DA REPORTAGEM LOCAL
A transformação derrubou a
qualidade de vida de uma faixa inteira da Bela Vista, entre as ruas 13
de Maio e Maestro Cardim, diz a
paisagista Maria Sonia da Cruz
Motta, 51, no bairro há 30 anos.
Maria integra um grupo de moradores que reuniu 3.000 assinaturas e foi à Justiça tentar impedir
a construção de um condomínio
sobre uma área verde em um terreno de cerca de 10 mil m2.
""Isso [a mudança] desagrega,
desvaloriza o bairro. O pouco de
área verde que havia se foi", diz.
""O trânsito vira um inferno, os
moradores não têm sossego."
Dono de uma das últimas pensões que sobreviveram às investidas de imobiliárias na Maestro
Cardim, Miguel Gomes, 41, viu
surgir à sua frente um flat de 17
andares e 165 apartamentos há
cerca de três anos.
Cobra pelo quarto R$ 300 ao
mês, valor equivalente a três dias
no flat. Por 252 m2, paga R$ 5.500
de IPTU por ano. O alto custo
quase inviabiliza seu negócio.
""Houve uma valorização brutal,
e o IPTU mais do que dobrou uns
quatro anos atrás. Com a expansão do Beneficência, aqui virou
local de prédios e clínicas", diz.
Como as pessoas que freqüentam aquela faixa têm hoje um perfil bem diferente, a clientela rareou e é difícil conseguir alugar
todos os 45 quartos. "Não tem
procura. A casa fica vazia."
Um público mais sofisticado,
mas ainda assim se queixando da
inflação de preços, cresce com a
expansão do setor hospitalar.
A médica Ana Lúcia Vinagre,
26, faz pós-graduação em endocrinologia na Beneficência.
De Corumbá (MS), ela se assustou com o aluguel de R$ 1.200,
mais R$ 320 de condomínio, por
um flat de 50 m2 na rua Martiniano de Carvalho. Há um ano, uma
amiga alugou o flat por R$ 900.
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