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LYA WYLER
'Harry Potter' - de J.K. Rowling
DA REVISTA DA FOLHA
Quem fez a ligação entre a série
de best-sellers "Harry Potter" e os
milhares de brasileiros fãs da obra
que não lêem na língua inglesa?
Ela mora na Gávea, no Rio, até os
40 anos tinha concluído apenas o
ensino fundamental (o antigo ginásio), teve como principal consultora sua neta mais velha, fanática pelo bruxinho.
Lia Wyler, casada, duas filhas e
três netas, trabalha há 36 anos
com tradução. "Comecei na profissão com textos técnicos. Depois, vieram os verbetes para enciclopédias, artigos de revistas e livros de literatura popular, culta e
infantis e juvenis", conta Lia, que
já traduziu Henry Miller, Tom
Wolfe, Carl Sagan e Sylvia Plath.
Suas três netas, de 23, 16 e 6
anos, são leitoras de "Harry Potter" e vibram com o envolvimento da avó com a mais popular
obra infanto-juvenil da atualidade. Nascida em Ourinhos (SP),
Lia foi para o Rio aos cinco anos, e
desde então adotou a cidade. A
partir dos 40 anos, fez letras português-inglês com especialização
em tradução na PUC-Rio e mestrado em comunicação na UFRJ e
foi doutoranda em língua e literaturas de língua inglesa na USP.
Como conseguiu um inglês tão
bom? "O ginásio que fiz era diferente dos ensinos fundamental e
médio de hoje. Estudava-se português, latim, francês, inglês e espanhol. Também aprendi inglês
com falantes nativos a partir dos
12 anos, casei-me com um homem cuja família só falava inglês,
trabalhei para embaixadas e empresas americanas e morei na Europa". Se sonha em traduzir alguma obra? Sua resposta vem como
um soco no estômago dos sonhadores: "Tradutor profissional não
sonha com obra a traduzir. Ele se
preocupa se amanhã terá outra
obra para traduzir".
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