São Paulo, quarta-feira, 05 de março de 2008

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Rodrigo Salvá e a última onda no Havaí

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando a mãe lhe pediu que não fosse para o Havaí, porque as ondas de até 20 m gelariam sua espinha, Rodrigo Salvá respondeu sem rodeios. "Se eu morrer surfando, mãe, morrerei feliz."
Chimbica, como o chamavam os amigos, nasceu em Porto Alegre. Sempre gostou de praia, mais ainda de Tramandaí, onde a família tinha casa de veraneio. Surfava desde os nove anos, quando já fazia as pequenas cuias artesanais para chimarrão.
"Sempre viveu para surfar", diz a irmã, e chegou a ganhar campeonatos amadores nos anos 1990. Mudou-se então para a praia do Rosa (SC), onde continuou artesão de cuias, que vendia nas casas de artigos gaúchos.
Foi um baque quando descobriu um tumor na cabeça e fez uma cirurgia que teve complicações. Teve que pôr uma prótese no crânio e acabou se tornando epiléptico. Mas não abandonou o mar. "Não podia deixar de viver."
Há três meses decidiu realizar seu sonho -"curtir as altas ondas do Havaí, paraíso dos surfistas do mundo". E foi viver no arquipélago onde, naquela tarde tranqüila do último dia 27, surfava com dois amigos na praia, em Mokuleia. Segundo a família, sofreu um ataque epiléptico e morreu afogado.
No site da comunidade de brasileiros no Havaí, entre fotos do jovem loiro, sempre com a franja roçando na testa, ficou a mensagem: "descanse em paz". A família aguarda o translado do corpo. Salvá tinha 33 anos.


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