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Rodrigo Salvá e a última onda no Havaí
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando a mãe lhe pediu
que não fosse para o Havaí,
porque as ondas de até 20 m
gelariam sua espinha, Rodrigo Salvá respondeu sem rodeios. "Se eu morrer surfando, mãe, morrerei feliz."
Chimbica, como o chamavam os amigos, nasceu em
Porto Alegre. Sempre gostou
de praia, mais ainda de Tramandaí, onde a família tinha
casa de veraneio. Surfava
desde os nove anos, quando
já fazia as pequenas cuias artesanais para chimarrão.
"Sempre viveu para surfar", diz a irmã, e chegou a ganhar campeonatos amadores
nos anos 1990. Mudou-se então para a praia do Rosa (SC),
onde continuou artesão de
cuias, que vendia nas casas
de artigos gaúchos.
Foi um baque quando descobriu um tumor na cabeça e
fez uma cirurgia que teve
complicações. Teve que pôr
uma prótese no crânio e acabou se tornando epiléptico.
Mas não abandonou o mar.
"Não podia deixar de viver."
Há três meses decidiu realizar seu sonho -"curtir as
altas ondas do Havaí, paraíso
dos surfistas do mundo". E
foi viver no arquipélago onde, naquela tarde tranqüila
do último dia 27, surfava com
dois amigos na praia, em Mokuleia. Segundo a família, sofreu um ataque epiléptico e
morreu afogado.
No site da comunidade de
brasileiros no Havaí, entre
fotos do jovem loiro, sempre
com a franja roçando na testa, ficou a mensagem: "descanse em paz". A família
aguarda o translado do corpo. Salvá tinha 33 anos.
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