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Cabral ameaça elevar ICMS de querosene no Santos Dumont
Governador do Rio pretende recorrer à Justiça e fazer retaliação à Anac, que decidiu ampliar voos de aeroporto
Já o prefeito chamou a presidente da Anac de "mocinha arrogante" e falou em "desrespeito'; agência não comentou declarações
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
O governo do Estado do Rio
indicou ontem que pretende
retaliar a decisão da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil) de abrir o aeroporto Santos Dumont para voos fora do
eixo Rio-São Paulo.
O governador Sérgio Cabral
disse que recorrerá à Justiça
para barrar a decisão e que estuda elevar o ICMS (Imposto
sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) sobre o querosene de aviação somente no
Santos Dumont, de 4% para até
18%. Além disso, avalia a hipótese de não renovar a licença
ambiental do aeroporto.
O governador afirmou ontem
que houve "truculência" por
parte da Anac. "É evidente que
a minha posição é até impopular porque, para o cidadão do
Rio que vem de Brasília, de Recife ou de Salvador, é muito
mais confortável pousar no
Santos Dumont do que no Galeão [Tom Jobim]. Só que isso
vai destruir a malha doméstica
de conexão para os voos internacionais do Galeão", disse.
O governo teme que a mudança prejudique o fluxo de
passageiros que desembarcam
no Rio de voos internacionais e
seguem para outros destinos
-isso poderia prejudicar os
planos do Estado em relação à
Copa de 2014 e às Olimpíadas
de 2016. Cabral disse que não
seria contrário à abertura do
aeroporto para destinos que
não concorressem com o Tom
Jobim, como Campinas, Londrina e Ilhéus, e que está aberto
ao diálogo com a agência.
A decisão da Anac marca
também uma derrota política
de Cabral. Ele chegou a conversar com o ministro da Defesa,
Nelson Jobim, para evitar a liberação.
A agência diz que a lei que a
criou só permite que ela restrinja o uso de aeroportos por
questões de segurança ou de
capacidade operacional.
O prefeito do Rio, Eduardo
Paes, disse que a atitude da
agência de revogar a portaria
187, que restringia as operações
à ponte aérea Rio-São Paulo e a
voos regionais, foi um "desrespeito" e fez críticas à presidente da Anac, Solange Vieira.
"Vem essa mocinha na sua arrogância, na sua petulância e
revoga essa decisão", disse.
A Anac informou que não comentaria a reação dos políticos.
A Infraero, responsável pela
administração do aeroporto,
afirmou que o processo de obtenção das licenças para as
obras de ampliação do aeroporto realizadas em 2007 foi conduzido conforme a legislação.
Segundo ela, o Inea (Instituto
Estadual do Ambiente) fará
uma vistoria hoje nas obras
executadas. A partir disso, a estatal poderá solicitar a licença
operacional, última etapa do licenciamento ambiental.
Segundo Respício Espírito
Santo Jr., da UFRJ, a melhor
solução não seria elevar o
ICMS, mas as tarifas de pouso e
permanência, por se tratar de
aeroporto central. Algumas
empresas optam por encher o
tanque dos aviões em Estados
com alíquotas menores.
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